O jornal britânico Financial Times publicou nesta quarta-feira (04/02) uma lista com perguntas e respostas com um o panorama geral sobre a crise da maior empresa brasileira. O artigo relembra o que levou ao escândalo e quais são as perspectivas. "Investidores na Petrobras podem ser perdoados por se perguntarem o que diabos está acontecendo na estatal brasileira e o que pode acontecer a seguir. Segue abaixo um guia do escândalo:
Qual é o tamanho do impacto para o Brasil e a empresa?
Depois de meses no centro da maior investigação de corrupção na história brasileira, o futuro da empresa está em jogo. Ela sangrou dois terços de sua capitalização de mercado desde que Dilma Rousseff — uma ex-presidente de seu conselho de administração — tornou-se presidente do Brasil há quatro anos, uma perda que foi acelerada desde que as investigações sobre as acusações se tornaram públicas no final do ano passado. Talvez mais de US$ 20 bilhões foram desviados da empresa há uma década e teriam supostamente sido desviados para o Partido dos Trabalhadores, de Dilma Rousseff.
Qual tem sido a reação a tudo isso?
Esta semana, a agência de classificação de crédito Fitch seguiu a Moody’s Investors Service ao rebaixar a classificação da empresa a um grau de alto risco, colocando a maior emissora de títulos do mercado emergente — com cerca de US$ 50 bilhões de dívida — em risco de ser descartada por seus credores.
Se isso acontecer, como o jornal Valor Econômico noticiou na quarta-feira, o impacto seria tão forte quanto se o Brasil tivesse perdido sua classificação de grau de investimento conquistada com dificuldade.
Como o governo está respondendo?
Parece estar colocando pressão sobre Maria das Graças Foster, a presidente da empresa, a deixar o cargo. Não houve sugestão de que ela estivesse envolvida no escândalo mas surgiram alegações de que ela foi alertada sobre o esquema e não agiu — acusações que ela contestou com veemência.
A longa carreira de Graça Foster na Petrobras — ela tem ocupado o cargo de presidente desde 2012 — e sua amizade próxima com Dilma Rousseff tem dificultado a sua tarefa de apresentar-se como a pessoa que vai limpar a empresa.
O que mais deveria ser feito?
Tão importante quanto substituir Graça Foster será uma limpeza da diretoria, cujos cargos há décadas têm sido feudos políticos, oferecidos como favores. Instalar uma gerência profissional provavelmente agradaria investidores e impulsionariam boas perspectivas da empresa.
Parece fácil?
Infelizmente não. Será um grande desafio encontrar alguém de reputação a assumir essa difícil missão. O Valor Econômico também noticiou na quarta-feira que Joaquim Levy, o economista com formação em Chicago, que caiu de para-quedas no cargo de ministro da economia no mês passado em uma tentativa de salvar a presidência de Dilma Rousseff e a economia nacional, tem oferecido o trabalho adicional de resolver a bagunça na Petrobras, começando com a indicação de um novo presidente.
Rumores sobre candidatos apontam Henrique Meirelles, um ex-banqueiro do setor privado e presidente do Bancop Central; Nildemar Secches, um ex-chefe do grupo alimentício Perdigão; Murilo Ferreira, presidente da mineradora Vale; Roger Agnelli, ex-presidente da Vale; Rodolfo Landim, ex-executivo da Petrobras e na indústria do petróleo; e Eduarda La Rocque, que trabalhou próximo a Levy no passado.
Há outros problemas?
Sim, as contas. A Petrobras descumpriu compromissos no mês passado ao não incluir a tempo seus resultados auditados do trimestre, que deveriam ser entregues no dia 30 de setembro. No final, detentores de títulos aceitaram os resultados não auditados, mas quando esses foram publicados na semana passada não incluíram o número relativo ao montante de dinheiro desviado pelo esquema de corrupção.
Em vez disso, a empresa estimou que seus ativos foram superavaliados em R$ 88,6 bilhões (US$ 33 bilhões nas taxa de câmbio de hoje) devido a flutuações cambiais, tetos de preço impostos pelo governo, e o esquema de corrupção. O governo imediatamente rejeitou esse cálculo como sendo “amador”.