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Ibovespa fecha em forte queda e ações da Petrobras perdem mais de 11%

Mercado reflete resultados de pesquisas eleitorais. Dólar ultrapassa os R$ 2,45

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A Bolsa de Valores de São Paulo fechou os negócios desta segunda-feira (29) em forte baixa. O Ibovespa, o principal índice acionário da BM&FBovespa, encerrou com variação negativa, em baixa de 4,52% aos 54.626 pontos. É a maior queda desde setembro de 2011 e a menor pontuação desde julho deste ano. Ações preferenciais de estatais lideraram o quadro de perdas, com as ações da Petrobras perdendo 11,17% e ações do Banco do Brasil logo atrás, com 8,55% de perdas. Bradesco e Itaú também caíram 7%

De acordo com especialistas, mais uma vez os resultados das pesquisas eleitorais estão influenciando os resultados da bolsa. Além da pesquisa divulgada nesta segunda pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), os investidores refletiam principalmente os dados da pesquisa Datafolha, que havia sido divulgada na última sexta-feira (26), onde Dilma Rousseff (PT) ampliou consideravelmente a vantagem em relação à segunda colocada Marina Silva (PSB). Na próxima terça, uma nova pesquisa Ibope sobre os rumos das eleições também está sendo aguardada.

Segundo o operador da mesa institucional da corretora Renascença, Luiz Roberto Monteiro, toda vez que a candidata à reeleição Dilma Rousseff cresce nas pesquisas, o impacto no mercado financeiro é negativo. E segundo o especialista, as pesquisas eleitorais influenciam também em aspectos como a alta do dólar e da taxa de juros. “O dólar tem relação também com as pesquisas eleitorais a partir do momento em que os investidores financeiros apostam na queda de Dilma. Quando surge a possibilidade de ela ficar novamente no cargo de presidente, qual é o posicionamento do estrangeiro? Sair da renda variável, transformando o recurso em dólar. Daí, há fuga de capital estrangeiro, indo novamente para os Estados Unidos”, explica.

O especialista explica que o processo funciona quando os investidores vendem as ações, transformando elas em real. Para mandar os papéis de novo para os Estados Unidos, eles precisam ser transformados em dólar. 

Dólar fecha em alta e ultrapassa marca de R$ 2,45

A moeda norte-americana vem batendo recordes de alta: após chegar a R$ 2,576 no começo do dia, fechou a R$ 2,4557. É o maior valor desde o dia 9 de dezembro de 2008, quando a moeda fechou em R$ 2,471. No mês, há alta acumulada de 9,68% e no ano, de 4,17%.

Pesquisas influenciam ações de estatais

As pesquisas eleitorais, inclusive, influenciam nas ações de estatais como a Petrobras, a Eletrobras e o Banco do Brasil. O ADR da Petrobras também havia atingido R$ 14,75 durante o dia. “O ADR influencia porque antes de o mercado abrir aqui, já havia negociações do ADR no mercado eletrônico de Nova York. Lá ele já sinalizava em quanto a Petrobras ia abrir aqui. Os investidores têm esse valor como referência”, explica Luiz Roberto Monteiro.

No caso da Petrobras, a estatal do petróleo atingiu perdas de 10,12% nas ações PN e 9,79% nas ações ON às 16h47. Luiz Roberto Monteiro diz que essa queda também foi influenciada pelo avanço da candidata do PT nos dados colhidos sobre as eleições de outubro. “A queda da Petrobras é em função das pesquisas eleitorais, porque o mercado entende que se Dilma ganhar, vai continuar havendo toda essa interferência na empresa. Os papéis caem em função dessa ingerência”, explica.

O impacto na economia pode ser comparado com outros mercados financeiros internacionais. Nos últimos quarenta dias, a moeda brasileira desvalorizou tanto quanto a moeda russa, o rublo. Só nesta segunda-feira, o real começou o dia desvalorizado em 1,37%, com o dólar cotado a R$ 2,47. A Rússia, por sua vez, vem travando uma batalha interna para lidar com a crise relacionada à Ucrânia e com as sanções impostas ao país pelos Estados Unidos e por países da União Europeia. 

Apesar da queda das ações da Petrobras, Luiz Roberto Monteiro explica que as ações continuam sendo adquiridas por diversas pessoas. "No mês, as ações Petrobras PN caíram 20,34% em função das pesquisas eleitorais, desde que a candidata Dilma começou a subir. Porém, no ano, as ações subiram 15,65%. Ou seja, apesar de ter uma interferência grande, a empresa continua produzindo petróleo. Ela não deixou de existir", explica.

Quanto ao mercado especulativo, o especialista explica que, no âmbito do mercado internacional, o saldo ficou positivo. Até o último dia 25, cerca de R$ 4 bilhões entraram no mercado.

Movimentos especulativos

O Jornal do Brasil já denunciou inúmeras vezes os movimentos especulativos dos últimos meses em função de pesquisas eleitorais. Em 40 dias entrou mais dinheiro no mercado especulativo do que nos últimos 4 anos. Na sexta-feira, as ações da Petrobras fecharam em alta de quase 7%. Hoje, por causa da pesquisa Datafolha divulgada na noite de sexta-feira, os papéis tiveram queda acentuada. O mesmo ocorreu com o dólar. De sexta para hoje, a desvalorização foi de quase 5%.

Com todos esses escândalos, os analistas financeiros críticos do governo atual deveriam pensar que o Brasil perdeu muito mais dinheiro nestes últimos quatro dias do que talvez com o próprio escândalo da Petrobras. Não há o que perdoar nesse escândalo da Petrobras, mas o estranho é que os mesmos especuladores do escândalo não estejam também denunciando este novo escândalo especulativo. A CVM tem a obrigação de dar resposta ao país. Se o ministro da Fazenda está demitido ou não, nós não sabemos, mas que ele não está funcionando...isso nós temos certeza.