Dados divulgados nesta quinta-feira (25) mostram que a taxa de desemprego em agosto deste ano ficou em 5%, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Após a divulgação da pesquisa, em entrevista à Agência Brasil, o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, disse que “a pesquisa não mostra por que, no momento em que você tem avanço na ocupação, você também tenha um avanço na pressão sobre o mercado de trabalho”.
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Isso porque o mercado de trabalho no Brasil registrou, em agosto, um aumento de 0,8% no número de postos de trabalho em relação a julho. Ao mesmo tempo, houve crescimento de 3,3% na quantidade de pessoas procurando emprego.
Segundo o professor do Departamento de Administração da Universidade de São Paulo (USP), Wilson Amorim, “a taxa de desemprego de 5% não é alta”. Ele explica que, “de 2002 a 2004, foi um período de dificuldades na economia do país, que refletiram no mercado de trabalho. De 2006 para cá mudou sua dinâmica, o que reduziu as taxas”.
Wilson continua dizendo que “houve uma sequência de anos nos quais registramos aumento da atividade econômica, da renda e da formalização do trabalho [carteira assinada]”. Isso justifica porque os dados da PME de agosto de 2014 são os maiores em comparação ao mesmo mês desde 2002.
Outro dado observado na pesquisa é que, na comparação com julho o ramo da construção teve aumento de 5,1% da população ocupada. Já os serviços domésticos tiveram queda de 3,9%. Na comparação com agosto do ano passado, os serviços domésticos tiveram queda de 7,2%, enquanto as demais atividades mantiveram-se estáveis.
Sobre o rendimento das atividades ligadas ao ramo da construção, o professor ressalta que os dados observados envolvem seis regiões metropolitanas: Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. “Um dos fatores que podem colaborar para o aumento do rendimento são as obras de infra estrutura, já que estamos em ano eleitoral. Outro ponto é o sindicato da construção civil tem seus reajustes decididos no mês de maio. Então, pode ser reflexo de acordos coletivos”.
Já a respeito da queda da população ocupada no ramo do serviço doméstico, Wilson avalia que o que acontece é uma busca por melhores condições de vida. “O mercado de trabalho funciona como uma fila. Nos primeiros lugares estão os empregos melhores, aqueles com carteira assinada, formalizados. Os empregos domésticos, muitas vezes, não oferecem essas vantagens. Além disso, o salário não é tão alto, não passa muito do salário mínimo. Por isso, as pessoas estão buscando ir atrás de empregos formalizados”, analisa.