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FMI defende aumento de salários na Alemanha para retomada europeia

Desempenho dos países no segundo trimestre gerou temor de retorno à recessão

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A diretora do FMI, Christine Lagarde, defendeu em entrevista divulgada nesta segunda-feira (25) que a Alemanha eleve seus salários, em uma tentativa de impulsionar a economia europeia. Segundo a dirigente, o país teria os meios para ajudar na retomada, e é importante que ele participe "de uma forma intensa" deste movimento.

A Alemanha tem sido apontada por outros países europeus como responsável pelo ritmo lento da recuperação econômica do bloco. Arnaud Montebourg, ministro da economia francês, chegou a dizer no último sábado ao Le Monde que o país de Merkel está preso "a uma política de austeridade e impõe-na em toda a Europa". 

>> Austeridade alemã gera círculo vicioso na Europa, diz artigo em jornal inglês

Para Lagarde, a Alemanha demonstrou em recente negociação salarial que tem "margem de manobra" para discutir a questão e contribuir, desta forma, para a "trabalhosa" retomada econômica europeia. O jornal português Dinheiro Vivo recorda em reportagem nesta segunda-feira que na semana passada o presidente do Bundesbank, banco central alemão, Jens Weidmann, ressaltou a possibilidade de um acréscimo de até 3% nos salários, já que o país estaria praticamente em uma situação de pleno emprego. A chanceler Angela Merkel, no entanto, tem defendido justamente um caminho de salários baixos, que teria sido o motivo de um aumento da competitividade no país.

A Alemanha surpreendeu o mundo e resgatou um medo de retorno à recessão com a divulgação de seu desempenho. Teve uma queda de 0,2% no PIB do segundo trimestre deste ano, em comparação com o trimestre anterior, devido à incerta recuperação da Zona do Euro e à crise da Ucrânia. O impacto foi sentido no comércio exterior - as exportações cresceram menos que as importações, fato incomum no país - e nos investimentos, que tiveram uma redução drástica.

A França, principal economia do bloco europeu ao lado da Alemanha, teve uma variação nula no PIB do segundo trimestre. Os dois países influenciaram a variação também nula da Zona do Euro, abaixo da expectativa de 0,2% do mercado. A Itália, terceira economia do bloco, também registrou contração de 0,2% entre abril e junho. 

A Espanha, quarta economia e uma das mais afetadas pela crise, teve um desempenho positivo, de 0,6%, mas especialistas desconfiam da continuidade na recuperação. Antes das tensões com a Rússia pela crise na Ucrânia, os analistas apostavam em uma recuperação europeia no período.