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El País: Argentina apela para o patriotismo no caso do calote

Segundo o jornal, a criação de 'inimigos' é histórica na política argentina

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Em reportagem do dia 2 de agosto, o jornal El País critica a posição da Argentina de tentar polarizar a sociedade argentina, criando um “inimigo” e se colocando como uma pátria injustiçada. Eles relembram batalhas ideológicas e publicitárias históricas, como “Braden ou Perón”, em 1946, quando um argentino concorria contra um embaixador dos Estados Unidos para presidente; ou ainda a polaridade “Reino Unido ou Argentina”, durante a Guerra das Maldivas. O jornal se pergunta “Mas sempre tem que ser preto ou branco, civilização ou barbárie? Sem matizes?”

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“A partir da Casa Rosada, sede do governo, o uso do slogan ‘Pátria ou Abutres’ é incentivado”, diz o jornal. Para a publicação, é a mesma coisa que polarizar a escolha: pessoas ou os especuladores sem escrúpulos de Wall Street; soberania ou submissão a justiça dos Estados Unidos; “E se a mensagem não é clara o suficiente, cartazes ainda podem ser vistos pelos municípios ‘Ontem Braden ou Perón, hoje Cristina ou Griesa’ referindo-se ao juiz Thomas Griesa, que decidiu em favor dos dois fundos litigantes”, diz o El País.

“A chamada para o sentimento patriótico sempre funciona”, completa o jornal. Ele confirma dizendo que Cristina Kirchner subiu nas pesquisas quando começou a endureceu seu discurso contra os "abutres".

Assim, o Chefe de Gabinete Jorge Capitanich, em vez de explicar como ele vai lidar com a situação do país, envolto em gloriosa bandeira, declara: "Se um juiz é confuso, que não toma decisões, o que é claramente um agente dos fundos abutres, se o mediador é um agente dos abutres, se o judiciário é cooptado por abutres ... que justiça é essa? E que independência do poder judiciário é essa? Aqui existe uma responsabilidade do Estado. E é a responsabilidade dos Estados Unidos”.

Pátria ou abutres. E se houver qualquer economista, jornalista e líder da oposição dispostos a empunhar que a Argentina deve respeitar as sentenças de um tribunal cuja jurisdição é aceita; se há alguém que se atrever a dizer que a dívida tem que ser paga, por mais desprezíveis que sejam os credores... então imediatamente se ativa a armadilha da escolha: “pátrias ou abutres”.  O argentino em questão torna-se imediatamente listado como traidor, cúmplice dos abutres.