Uma análise sobre o futuro econômico da América Latina foi feita pelo jornal El País no artigo “2014 parece melhor para a economia latino-americana” dessa segunda-feira (13). Como indica o título, o ano está apenas começando, mas reserva boas novidades para a região. Por conta da queda gradual do preço das commodities em 2013 e após os capitais especulativos voltarem a andar nos eixos, 2014 pode ser melhor. Os prognósticos são otimistas principalmente para o México e a América Central, já que a recuperação dos Estados Unidos deve fazer a demanda americana aumentar.
As expectativas são bem diferentes e dependem de cada país, segundo a empresa britânica Consensus Economics, que ajudou nas previsões. O Brasil, por exemplo, no ano da Copa do Mundo, deverá manter o mesmo ritmo de 2013. O jornal lembra que, além do mundial, o Brasil ainda será palco das eleições presidenciais com Dilma tentando a reeleição um ano após a explosão de protestos iniciados em junho, quando o PIB do país cresceu 2,3%.
O banco britânico Standard Chartered é o mais otimista com o “gigante sul-americano”: eles esperam um crescimento de 3,5% em 2014. O mais pessimista, Citigroup, aguarda um avanço de apenas 1,8%. Já a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) prevê um crescimento de 2,6% e a Confederação Andina de Fomento (Caf) 3,2%.
De acordo com o artigo, a expansão brasileira depende dos preços das matérias-primas, que são influenciados pela economia chinesa e o mercado interno dos Estados Unidos. A estimativa para a inflação do Brasil, segundo o setor privado, é de 6% em 2014, após a marca de 5,6% no último ano, enquanto o déficit fiscal subiria para 3,7% do PIB.
Já o México, classificado na matéria como a segunda maior economia da região, sofreu, em 2013, uma forte desaceleração de crescimento. Por um lado, o presidente do Partido Revolucionário Institucional (Pri), Enrique Peña Nieto, recebia elogios pelas reformas energética, fiscal, educativa e nas telecomunicações. Porém, por outro, a realidade de uma baixa expansão econômica, só comparável com a Venezuela, trazia notícias de violência e formação de milícias para seu controle.
No entanto, graças à demanda americana, os especialistas esperam um crescimento de 3,4% para 2014. A corretora local Vector é mais contida e estima um avanço de 2,3% enquanto o banco Merrill Lynch e a consultora Bulltick arriscam 4%. Para a inflação, a expectativa é de suba apenas 0,1%, registrando 3,9% e o déficit fiscal marcaria 3,4% do PIB.
Em outro país da América Latina, a Argentina depende mais da China, do Brasil, de seu próprio mercado interno e agrícola do que dos Estados Unidos para expandir sua economia. Portanto, o Cepal prevê um crescimento de 2,6% para o país, enquanto a Consensus Economics espera apenas 1,8%.
A inflação argentina também é um problema. Após economistas do setor privado esperarem 2013 terminar com um aumento de 26,6% e esse índice ter sido inclusive superado, o governo toma medidas para segurar a inflação. Uma delas, por exemplo, é um acordo de preço de 100 produtos básicos e a liberação de importação de tomates brasileiros para abastecer o mercado local. Quanto ao déficit fiscal, o estudo do Consensus Economics espera que atinja 2,5% do PIB em 2014.
A Venezuela tem o pior prognóstico: em 2013 seu crescimento já foi baixo, atingindo apenas 1,3%. Mas, em 2014, essa porcentagem deve cair 0,5%. Enquanto isso, a inflação continuaria alta, alcançando 52,4%. Segundo a matéria, os problemas internos da Venezuela são cruciais para a economia do país, assim como o preço do petróleo, influenciado pela China, os Estados Unidos, a União Européia e os conflitos do Oriente Médio.
Sem problemas de inflação, embora com desigualdade social, os demais países da América Latina também são influenciados pelos preços das matérias primas. O Chile, por exemplo, tem o cobre representando mais da metade das exportações e passaria a crescer de 4,2% para 4,1% após o retorno da socialista Michelle Bachelet ao poder.
Já no Peru, 55% das exportações são minerais como cobre e ouro que perdem seu valor após um constante crescimento desde 2000. De acordo com as expectativas, o país deve crescer 5,5% e a Colômbia, que exporta petróleo e minerais, cresceria mais em 2014, registrando 4,6%.