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Focus: mercado prevê mais inflação e PIB menor em 2013

Para especialista, efeito de medidas do governo demora

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O Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (21) pelo Banco Central (BC), que mostra as expectativas do mercado para o ano, mostra que os economistas subiram a previsão para a inflação deste ano, ao mesmo tempo em que baixaram a estimativa para o crescimento da economia brasileira em 2013.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2013 subiu de 5,53% para 5,65%. Foi a terceira elevação consecutiva do indicador. Para 2014, a estimativa do mercado para a inflação permaneceu inalterada em 5,50%.

Já para este ano, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)recuou de 3,20% para 3,19%. Foi a terceira semana seguida de queda. Com isso, o mercado dá sinais de que não acredita na estimativa do Ministério da Fazenda de que o PIB vá crescer mais de 4% em 2013. Para 2014, a previsão dos analistas do mercado financeiro para o crescimento econômico permaneceu estável em 3,60%.

O economista Mauro Schneider, da consultoria CGD Securities, também está mais pessimista do que o governo com a performance, tanto da inflação quanto do PIB. Ele acredita que as medidas anunciadas por Brasília durante o ano de 2012, cujo objetivo é aumentar o nível de investimento do país, terão "velocidade de resposta" muito menor do que o esperado.

"Mesmo o governo procurando melhorar as condições para retomada dos investimentos, minha percepção é que isso não vai se dar tão rapidamente. É preciso contar também com uma melhora mais consistente do ambiente internacional", afirma. 

Para o especialista, a perspectiva é que o primeiro semestre de 2012 seja parecido com o de 2013. "Mas também acredito, como aconteceu no ano passado, em um segundo semestre melhor. Ainda sim, a velocidade do crescimento da economia será mais lenta do que o governo imagina", prevê.

Mercado aquecido e luz elétrica

A redução na tarifa da luz elétrica é apontada por Mauro como um provável incentivador para o crescimento econômico do país em 2013, pois com o recuo, os produtos brasileiros passam a ser mais competitivos, tanto no mercado nacional quanto no internacional, incentivando as indústrias. Além disso, pagando menos pela conta de luz, as famílias brasileiras desoneram parte de sua renda, podendo consumir mais.

Porém, com o "atraso nas chuvas", que diminuíram o nível dos reservatórios, o governo precisou acionar as termelétricas, que têm custo muito mais alto do que as hidrelétricas. Isto deve pressionar os índices de inflação, principalmente no primeiro semestre, aponta o especialista. "Também há a questão da queda nas reduções do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), o quesito alimentação, que está bastante imprevisível e a inflação de serviços, muito alta há algum tempo", explica. 

A taxa de desemprego em novembro deste ano no país ficou em 4,9%, a menor registrada para novembro na série histórica iniciada em 2002, segundo dados do IBGE. Este aquecimento do mercado de trabalho também estimula o consumo, elevando ainda mais as projeções de inflação para este ano. "A demanda das famílias cresce num bom ritmo, o mercado de trabalho também segue evoluindo muito bem. Emprego, renda, nível alto de confiança, tudo isso ajuda a segurar o PIB em crescimento", afirma.

Para Mauro, os números de crescimento da economia não traduzem "de forma nenhuma" as condições das famílias brasileiras.

Taxa de juros

Após a manutenção dos juros na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC em 7,25% ao ano, o mercado financeiro continua acreditando que a taxa permanecerá neste patamar, pelo menos, até o fim de 2013. Para o fechamento de 2014, a previsão do mercado para a taxa básica de juros foi mantida inalterada em 8,25% ao ano.

Já a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2013 subiu de R$ 2,07 para R$ 2,08 por dólar. Para o fechamento de 2014, a estimativa dos analistas dos bancos para o dólar avançou de R$ 2,05 para R$ 2,09.