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Por maiores repasses, médicos param de atender planos na quarta-feira

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A partir desta quarta-feira, médicos e hospitais de pelo menos 16 estados brasileiros vão paralisar o atendimento eletivo dos planos de saúde. Mas a Associação Médica Brasileira (AMB) garante que as consultas serão reagendadas e os casos de urgência e emergência serão atendidos normalmente. As associações estaduais definirão quantos dias ficarão paralisadas, mas a mobilização segue até o dia 25 de outubro.

O secretário de Saúde Suplementar da Federação Nacional dos Médicos, Márcio Bichara, alega que nos últimos 11 anos, o reajuste cobrado pelas operadoras dos planos de saúde dos usuários foi de 150%, mas o aumento nos repasses aos profissionais foi de apenas 50% no mesmo período. As entidades médicas reivindicam que o valor pago pelos planos de saúde aos médicos pela consulta passe de R$ 40 para R$ 80.

"O reajuste cobrado dos nossos pacientes não está sendo repassado para os médicos, engrossando o lucro das operadoras de plano de saúde. A receita das operadoras cresce, em média, 14% ao ano. A crítica que a gente faz é que o honorário médico já representou 40% dos gastos das operadoras em 2000, hoje é entre 14% e 18%. Defasou muito e ficamos com honorários aquém da própria necessidade de médico de consultório", afirmou.

Em alguns estados, os médicos cobrarão os procedimentos e consultas diretamente do paciente, mesmo que ele seja usuário de plano de saúde. O vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Aloísio Tibiriçá, afirma que, nestes casos, os pacientes receberão um recibo para pedir reembolso ao plano de saúde - que devolve apenas o valor normalmente pago pela operadora ao médico, em vez do valor integral da consulta.

"Os planos de saúde não credenciam mais serviços e médicos por contenção de custos. Quanto mais médico e mais hospital credenciado, mais dinheiro gasto. Esse mercado não atrai mais o médico, que está saindo do atendimento dos planos, e a situação vai piorar. A cada ano, há um aumento de 5% no número de usuários dos planos, enquanto o número de prestadores médicos não aumenta", argumentou.