A chanceler alemã, Angela Merkel, disse nesta terça-feira que é prematuro falar da criação de eurobônus para atenuar a crise da dívida soberana na Eurozona e reiterou sua oposição a uma maior atuação do Banco Central Europeu (BCE) nesse sentido.
"Essa discussão deve ser feita ao final de um processo de integração europeia mais profundo e não creio que seja um bom momento para fazê-lo, em plena crise, como se fosse uma solução à crise, quando na verdade não é’, afirmou Merkel sobre a criação do eurobônus em um congresso de empresários alemães em Berlim.
A Comissão Europeia irá propor na quarta-feira três modalidades de criação de títulos da dívida a serem garantidos pelos 17 Estados membros da Eurozona.
Na segunda-feira, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durao Barroso, reafirmou seu apoio à criação de eurobônus pela Eurozona quando esta tiver alcançado um nível satisfatório de disciplina fiscal, apesar da oposição firme da Alemanha.
A afirmação foi feita em uma coletiva de imprensa após Barroso reunir-se em Bruxelas com o primeiro-ministro grego, Lucas Papademos.
Na mesma data, Merkel havia afirmado que a criação de eurobônus ‘não é um remédio milagroso’ para a atual crise da dívida soberana na Eurozona.
A CE considera que este instrumento pode atenuar rapidamente a pressão atual sobre as taxas de juros dos títulos espanhóis ou italianos.
Segundo o porta-voz alemão, Steffen Seibert, Merkel prefere uma ‘solução pacífica, que torne vinculantes os acordos já existentes’. O porta-voz se referia aparentemente ao Pacto de Estabilidade e Crescimento da UE, que estipula um déficit máximo de 3% e uma dívida pública de não mais de 60% do PIB.
O porta-voz considerou que a criação de eurobônus ‘não combateria as raízes do mal’, ou seja, a disciplina orçamentária.
A Alemanha considera que a criação destes títulos de dívida garantidos em comum dissuadiria os países com problemas fiscais na hora de efetuar reformas.