A presidente Dilma Rousseff e dirigentes europeus avaliam nesta terça-feira
possíveis soluções para a crise da dívida, no segundo dia da reunião de cúpula
Brasil-UE, na qual buscam uma resposta coordenada antes do encontro do G20,
grupo de países desenvolvidos e emergentes, em novembro.
"A ideia é dar uma resposta coordenada ante a reunião do G20", que acontece nos dias 3 e 4 de novembro na cidade francesa de Cannes, afirmou à AFP uma fonte do governo brasileiro.
Dilma foi recebida nesta terça-feira na sede do Conselho Europeu pelo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e pelo presidente do Conselho, Herman Van Rompuy.
Na segunda-feira, primeiro dia da quinta reunião de cúpula Brasil-UE, a presidente falou sobre as receitas utilizadas pelos países da América Latina para superar a crise da dívida dos anos 80.
"Destaquei que a nossa experiência demonstra que, no nosso caso, ajustes fiscais extremamente recessivos só aprofundaram o processo de estagnação e de perda de oportunidades e de desemprego", afirmou Dilma em sua primeira coletiva de imprensa em Bruxelas.
"Dificilmente se sai da crise sem aumentar o consumo, o investimento e o nível de crescimento da economia", acrescentou a presidente após se reunir no Palácio Egmont com o primeiro-ministro da Bélgica, Yves Leterme.
Os europeus elaboraram planos rígidos para sair da recessão, que incluem drásticas medidas de austeridade para os países em dificuldades, sobretudo para a Grécia.
Fontes brasileiras afirmaram à AFP que no momento o Brasil não prevê oferecer nenhuma ajuda direta na qualidade de integrante do grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
O bloco de potências emergentes declarou-se disposto a "considerar, se for necessário, um apoio via FMI ou outras instituições financeiras internacionais, para enfrentar os desafios à estabilidade financeira mundial".
Durante a cúpula, a UE e o Brasil, interlocutor privilegiado dos europeus e um ator de peso no cenário internacional, também avaliarão o pedido de adesão de um Estado palestino à ONU, que recebeu um forte apoio brasileiro.
Brasil e União Europeia tentarão progredir nas negociações entre o Mercosul e a UE antes da rodada de negociações de início de novembro no Uruguai, para as quais ainda devem superar vários obstáculos no setor agrário, sobretudo os temores de produtores franceses de uma avalanche nas importações de carne.
Na terça-feira, a presidente participará do V Fórum Empresarial Brasil-União Europeia, que se desenvolve em paralelo à cúpula, e inaugurará o Festival Europalia, que neste ano tem o Brasil como principal protagonista.
O Brasil também pretende aprofundar o comércio e o investimento bilateral com os europeus. O Brasil é o quarto principal destino dos investimentos europeus e o sexto maior investidor na Europa, e no primeiro semestre de 2011 tornou-se o nono sócio comercial da UE.