Agência AFP
BRUXELAS - Os países da União Europeia (UE) concordaram nesta terça-feira em reforçar a vigilância sobre suas finanças públicas com a análise dos orçamentos nacionais pela Comissão Europeia a partir de 2011, ao mesmo tempo que decidiram criar novas entidades europeias para supervisionar os bancos.
Batizada de "semestre europeu", a iniciativa sobre as contas públicas pretende "vigiar" as políticas econômicas e orçamentárias dos Estados da UE durante seis meses, com o objetivo de detectar qualquer incompatibilidade ou desequilíbrio o mais cedo possível, segundo os ministros das Finanças do bloco, reunidos em Bruxelas.
A Comissão Europeia examinará os 27 orçamentos nacionais, identificando os principais perigos e orientando os governos antes que apresentem os projetos aos Parlamentos para votação.
A Grã-Bretanha liderou o grupo de países contrários à medida, com medo de uma interferência de Bruxelas em uma questão considerada soberana dos Estados membros da UE.
No entanto, os 27 países do bloco acabaram por aceitar a iniciativa, convencidos da necessidade de reforçar a vigilância orçamentária depois que a crise da dívida grega colocou as nações vizinhas em perigo, uma situação que abalou a Eurozona, integrada por 16 países da UE.
Os países europeus negociam há alguns meses uma nova arquitetura de sua política econômica para evitar uma recaída nos erros que afundaram o bloco na maior crise econômica desde a Segunda Guerra Mundial.
Os ministros das Finanças também aprovaram nesta terça-feira um reforço da supervisão financeira dos bancos, seguradoras e mercados com a criação de três agências europeias, que ficarão responsáveis por detectar qualquer risco financeiro e emitir alertas.
"Esta é a principal lição que aprendemos com a crise", celebrou o comissário europeu de Serviços Financeiros, Michel Barnier, que também destacou a necessidade de criação de monitores que funcionem como um radar.
O acordo ainda precisa ser aprovado pelo Parlamento Europeu, o que provavelmente acontecerá no fim de setembro, para que as novas agências possam entrar em funcionamento em janeiro de 2011.