Ao participar, em 1° de setembro, do Fórum Canal Rural Tendências e Desafios no Agronegócio do Leite, na Expointer, em Esteio (RS), o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Rodrigo Alvim, mostrou-se preocupado especialmente com o ingresso de leite em pó, além de leite UHT uruguaio e soro de leite dos Estados Unidos.
O produto do Uruguai pressiona para baixo os preços pagos ao produtor na Região Sul. Somente em junho, o país vizinho enviou 1,136 mil litros de leite UHT para Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, ao preço médio de R$ 1,07, o litro. Já os Estados Unidos chegaram a exportar leite em pó a US$ 2,6 mil, a tonelada, em julho, enquanto o preço internacional de mercado é em torno de US$ 3 mil, a tonelada. "Isso significa importar a um preço menor do que o custo de produção", disse Alvim. Para o dirigente, é hora de o governo brasileiro iniciar uma investigação para verificar a presença ou não da prática de concorrência desleal.
Desde o início do ano, o maior aumento de importações de lácteos se deu em soro de leite. A quantidade comprada do Exterior pelo Brasil passou de 1,548 mil toneladas para 4,444 mil, um aumento de 187%. "Por que está sendo importado soro de leite nesta quantidade, à medida que nos últimos três anos várias torres de leite em pó foram construídas no país?", questiona Alvim. O dirigente, no entanto, lembra que a principal causa da explosão das importações de lácteos está na política cambial, que retira competitividade do Brasil. Em sua avaliação, o real está sobrevalorizado.
O resultado desse descompasso também se reflete no preço do leite ao produtor. Em agosto, o valor médio do litro no país ficou em R$ 0,68, abaixo dos verificados no mesmo mês em 2007, 2008 e 2009. Em maio deste ano, o litro chegou a valer R$ 0,75.
(Redação - Agência IN)