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Vendas no varejo dos EUA pressionam bolsas de Wall Street

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S O PAULO, 13 de agosto de 2010 - Em dia carregado de indicadores, Wall Street operou volátil refletindo uma mescla de leituras dos vários números da economia dos Estados Unidos divulgados nesta sexta-feira. As vendas do varejo deram certo tom contraditório, contribuindo para construção de cenários diferenciados entre os investidores. Diante dessa conjuntura, ao final dos negócios, em Nova York, o índice Dow Jones Industrial Average recuou 0,16%, aos 10.303 pontos. O S&P 500 retraiu 0,40%, aos 1.079 pontos. E na bolsa eletrônica, o índice composto Nasdaq caiu 0,77%, aos 2.173 pontos.

"O movimento hoje foi bastante volátil muitas vezes desconectado da agenda, já que há visões diferentes para o mesmo indicador", afirma Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultorias. As vendas no varejo dos EUA subiram 4,0% em julho, entretanto, segundo ela, não foram positivas se observado o núcleo do indicador, que exclui os setores automotivo e petrolífero por serem mais voláteis (justamente estes que puxaram uma alta no índice principal), houve avanço de apenas 0,16%.

"Já existe uma grande preocupação com a recuperação da atividade no país. O consumo dos norte-americanos (responsável por 70% do Produto Interno Bruto dos EUA) já está ruim, dados indicando retração neste setor reforça a avaliação de que o PIB vá recuar", reitera a economista.

Além disso, contribui para o arrefecimento das expectativas o dado da Universidade de Michigan sobre a confiança do consumidor. Em agosto, teve leve alta para 69,6 ante 67,8 pontos em julho. Segundo Ribeiro, apesar de ter vindo melhor neste mês, em termos de patamar, continua muito baixo. "O consumidor está preocupado com a degradação do mercado de trabalho que empurra a renda pra baixo", diz.

Nesta semana, as autoridades do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) revelaram preocupação com possível deflação, adotando mais estímulos à economia com o uso de títulos lastreados em hipotecas que estão vencendo em Treasuries de longo prazo. Pela manhã, foi revelado que o índice de preços ao consumidor norte-americano (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,3% em julho. Nos últimos 12 meses, o índice cresceu 1,2%.

"A inflação reflete os fracos fundamentos da economia. O núcleo veio com alta de 0,1%, mas no acumulado dos últimos 12 meses ficamos com 0,9%. A meta antes da crise era em torno de 2,0%. O Fed vai usar todo o arsenal possível para que não ocorra deflação", alega Ribeiro.

Ao final dos negócios, as maiores perdas na Dow Jones eram observadas no setor de materiais básicos (recuo de 0,8%), de serviços de saúde (queda de 0,2%) e setor de serviços ao consumidor (retração de 0,2%). Tanto na Nasdaq quanto no S&P 500, o setor de serviços ao consumidor liderou as perdas, de 0,7% e 0,55%, respectivamente.

(Sérgio Vieira - Agência IN)