"Manifesto meu profundo remorso e minhas sinceras desculpas pelos sofrimentos e danos imensos impostos pelo regime colonial japonês", disse Naoto Kan.
"Como vimos com a resistência feroz dos movimentos de independência, o povo da Coreia foi privado de sua nação e cultura, e sua dignidade, ao mesmo tempo em que sua etnia foi profundamente ferida", completou.
A declaração, aprovada pelo governo após uma reunião na manhã desta terça-feira, ocorre no mês do 100º aniversário da anexação da Coreia pelo império japonês.
O Japão firmou um tratado de anexação em 22 de agosto de 1910, que foi efetivado no dia 29 seguinte.
A ocupação só terminou em 15 de agosto de 1945, com a derrota do Japão no final da II Guerra Mundial. A península coreana está dividida desde então, com um regime comunista ao norte e um regime capitalista ao sul.
O Japão não tem relações oficiais com a Coreia do Norte, mas reconheceu a Coreia do Sul em 1965 e concedeu importantes fundos em troca que Seul renunciasse a pedir reparações pelo período colonial.
"Quero enfrentar a história com dignidade. Quero ter o valor de olhar os fatos históricos, aceitá-los com modéstia e reconhecer com honestidade nossos próprios erros", completou o premier.
"Aqueles que infligiram sofrimentos têm a tendência de esquecê-los facilmente, enquanto os que os sofreram não podem esquecê-los".
"Japão e Coreia do Sul compartilham a democracia, as liberdades, a economia de mercado e muitos valores mais", acrescentou.
Depois de publicar sua declaração, Kan falou por telefone com o presidente sul-coreano Lee Myung-Bak.
"Esperamos que todos os japoneses compartilhem deste ponto de vista", afirmou o porta-voz da chancelaria da Coreia do Sul.
Outros governantes japoneses já manifestaram tristeza com os sofrimentos e as atrocidades infligidas na Ásia pelo regime militarista nipônico na primeira metade do século XX.
Em 15 de agosto de 1995, o primeiro-ministro da época, o socialista Tomiichi Murayama, expressou "profundo remorso" e pediu "desculpas sinceras" a todos os países asiáticos colonizados.
Mas os vizinhos do Japão questionam, no entanto, a sinceridade das desculpas oficiais e criticam alguns líderes políticos conservadores que continuam negando os crimes e visitam regularmente o polêmico templo de Yasukuni, em Tóquio, que honra a memória de 2,5 milhões de soldados japoneses mortos, incluindo 14 criminosos de guerra condenados à morte pelos Aliados depois de 1945.
(Redação com AFP - Agência IN)