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Estoques elevados e demanda retraída recuam preços do milho

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S O PAULO, 13 de agosto de 2010 - Na primeira quinzena de julho, os preços do milho no mercado interno caíram. Conforme pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os valores foram pressionados pelo avanço da colheita, estoques elevados e demanda retraída. Esse cenário, no entanto, mudou na segunda quinzena, com os preços passando a registrar altas, devido à dificuldade na colheita por conta do clima mais úmido nas regiões Sul e Sudeste do País. Além disso, vendedores consultados pelo Cepea sinalizaram expectativa de que as exportações subam a partir de agosto, favorecidas pelas intervenções governamentais e pelas altas nos preços internacionais.

O leilão de PEP (Prêmio de Escoamento do Produto) realizado no dia 29 teve um grande volume ofertado: 2,03 milhões de toneladas - nas edições anteriores, a oferta era de 1 milhão de toneladas - com negociação de cerca de 87% do total. No leilão de Pepro (Prêmio de Escoamento Pago ao Produtor), foram ofertadas 80 mil toneladas no Nordeste, sendo comercializados 88,5% desse total. O PEP anunciou valores atrativos aos vendedores, levando produtores, principalmente os de Mato Grosso, a retraírem-se na última semana de julho, à espera desse leilão. Embora esses eventos negociem o milho de Mato Grosso, sustentaram os preços também de São Paulo, já que limitam a entrada do cereal do Centro-Oeste no mercado paulista.

Conforme a instituição, além das intervenções, essenciais para compensar o transporte do milho até os portos, há três outros aspectos inter-relacionados que também podem contribuir para o escoamento externo. Primeiro, que as condições climáticas não estão favoráveis ao desenvolvimento das lavouras de trigo em vários países, o que deve resultar em menor produção do cereal, comparativamente ao volume previsto até o momento. Segundo, que a demanda de trigo e de milho seguem firmes, o que deverá resultar em redução dos estoques de passagens. O terceiro, que é resultado dos dois primeiros, se refere à alavancada recente observada nos preços de milho e trigo nas bolsas de futuros.

É importante destacar que em 2007, quando houve um salto para quase 12 milhões de toneladas exportadas de milho pelo Brasil, a safra de trigo, principalmente, havia registrado diminuição em vários países, atraindo-os para compra de milho do Brasil para uso em ração animal. Em termos mundiais, mais de 18% do trigo (122 milhões de toneladas) é consumo como ração animal.

Após os reduzidos embarques de junho, em julho, as exportações de milho alcançaram 286 mil toneladas, segundo dados da Secex. Em relação a julho de 2009, o aumento foi de 85,3%. Apesar do maior volume, o preço médio caiu de US$ 194,80/tonelada em julho do ano passado para US$ 176,40/t.

(SV - Agência IN)