Jornal do Brasil
DA REDAÇÃO - Os bancos brasileiros ofereceram 2,1% mais crédito em maio, atingindo volume recorde de R$ 1,3 trilhão. O encarecimento dos empréstimos ocasionou a expansão, mostrando que o aperto monetário não desaqueceu o consumo, que deve continuar em alta.
O estoque de crédito somou o equivalente a 45,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no mês passado, informou o Banco Central. A previsão da autoridade monetária é que a relação feche o ano em 48%.
A trajetória de crescimento do crédito prossegue de forma compatível com o dinamismo da atividade econômica e com a manutenção de indicadores positivos no mercado de trabalho, elementos que continuam impulsionando projetos de investimento e gastos de consumo , destacou o BC em comunicado.
Preocupações com um superaquecimento da economia fizeram o BC elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 1,5 ponto percentual desde o final de abril.
Os efeitos da política monetária mais apertada devem demorar a se fazer sentir sobre o crédito, começando a ocorrer de forma mais importante no último trimestre do ano , avaliou a consultoria Rosenberg & Associados em relatório.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, afirmou que, em um primeiro momento, as instituições conseguem contornar parte do efeito da elevação dos juros aumentando os prazos dos financiamentos oferecidos aos clientes. Mas há um limite para isso , disse.
A taxa média de juros cobrada pelos bancos subiu 0,6 ponto percentual ante abril, para 34,9% ao ano, refletindo a elevação da Selic quase que imediatamente para o consumidor. Para as pessoas físicas, o juro médio aumentou 0,4 ponto percentual, para 41,5% ao ano. No caso das empresas, a alta foi de 0,7 ponto, a 27% ao ano.
A inadimplência ficou estável em 5,1% em maio pelo terceiro mês e o BC prevê que esta será a tendência do indicador para os próximos meses. Segundo Altamir, o emprego e a renda elevados sustentarão os pagamentos em dia, mesmo diante de um encarecimento dos empréstimos.
O BC reviu suas projeções para a alta do crédito de bancos públicos e privados em 2010. A nova estimativa é que o crédito de bancos públicos cresça 20% no ano, ante elevação de 24% dos bancos privados nacionais e de 9% dos estrangeiros. O estoque total de crédito deverá ter expansão de 20% no ano.