Marta Nogueira, Jornal do Brasil
RIO - Pelo menos 400 mil vagas
para a construção civil devem ser abertas no país até o fim do ano, quase o dobro do número de trabalhadores absorvidos em 2009, de acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon). Profissionais qualificados do setor já estão em falta no mercado. A descoberta do pré-sal, o anúncio dos eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas e o momento favorável para a economia brasileira aqueceram a atividade.
Empresas e autoridades se perguntam se será possível preencher esta necessidade e movimentam ações para tentar abastecer o mercado. Ano passado, apenas no estado do Rio, houve expansão de 11.071 novas vagas no mercado de trabalho da construção civil. Das admissões, 7% foram preenchidas por candidatos ao primeiro emprego.
Mesmo sendo um ano com fortes problemas em consequência da crise, a necessidade por novos trabalhadores não foi inibida disse o chefe da divisão dos estudos econômicos das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Guilherme Mercês. As vagas com carteira assinada foram principalmente na construção de rodovias, ferrovias, obras urbanas e de edifícios e instalações elétricas.
O vice-presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis (Secovi-RJ), Leonardo Schneider, lembra que a demanda começou a aquecer em 2008. Com a chegada da crise, muitos investidores buscaram a compra como investimento conservador.
Já em 2009, inúmeros itens influenciaram a situação, como o aumento do crédito, redução da Selic, programas de incentivo por busca de moradias como o Minha Casa Minha Vida e a valorização de algumas regiões com a instalação de Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs).
Além disso, as construtoras estão capitalizadas e cheias de contratos assinados avalia Schneider.
Mesmo com um cenário tão positivo, os especialistas das áreas não deixam de se preocupar. O presidente da comissão de desenvolvimento urbano da Associação dos Dirigentes das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), José Conde Caldas, afirma que em 39 anos na profissão, nunca passou por um problema tão alarmante.
Devemos alcançar a marca de 800 mil unidades construídas este ano. O recorde histórico havia sido 600 mil, em 1982 disse Caldas. Ele, que também é presidente da construtora Concal e tem a expectativa de lançar R$ 350 milhões em imóveis no Rio, ressalta que ter uma empresa bem avaliada não significa ficar imune aos problemas para contratar mão de obra. Antes, a gente mandava buscar no Nordeste, agora, eles estão construindo lá tanto quanto a gente.
O diretor-executivo do Sinduscon, Antônio Carlos Gomes, destaca que o governo e grandes empresas estão buscando uma saída. O Serviço Social da Construção Civil do Rio de Janeiro (Seconci-Rio) lançou o projeto de Plano de Qualificação Setorial que busca atrair homens, dos 18 aos 35 anos, que desejam ter uma profissão e ingressar na indústria da construção civil.
O curso, que é totalmente gratuito, tem duração de cinco dias. Em 2009, foram treinados 300 candidatos, dos quais 50% foram colocados no mercado.
A previsão para este ano é de 500 vagas disse a coordenadora de Relações Institucionais do Seconci, Ana Cláudia Gomes.