Agência AFP
WASHINGTON - Os diretores da companhia japonesa Toyota começaram a responder às críticas e perguntas de congressistas americanos nesta terça-feira, na abertura de dois dias de audiências, e o presidente-executivo Akio Toyoda admitiu que a empresa registrou um crescimento rápido demais.
- Temo que o ritmo em que nos desenvolvemos tenha sido rápido demais, e isso possa ter levado a problemas nos carros - afirma Toyoda, segundo o texto de um discurso que deve ser pronunciado nesta quarta-feira no Congresso e divulgado à imprensa com antecedência.
A empresa foi obrigada a fazer o recall de 8,5 milhões de veículos no mundo todo.
Na audiência desta terça-feira do Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos Representantes, Henry Waxman, presidente do Comitê, se declarou "decepcionado com a reação da Toyota aos problemas de aceleração", a origem dos recalls em massa que retiraram 6 milhões de veículos de circulação nos Estados Unidos e 9 milhões no mundo.
Na declaração ele também pediu desculpas por ter levado tanto tempo para lidar com as questões de segurança nos carros da Toyota.
Ao abrir a sessão, o democrata Bart Stupak (Michigan), que coordena as investigações do Comitê, expressou suas dúvidas em relação à confiabilidade dos sistemas eletrônicos dos automóveis Toyota, que poderiam ter causado os problemas de aceleração súbita constatados.
Além disso, Stupak questionou o controle da agência de segurança de transportes americana (NHTSA) sobre o caso, indagando se o órgão não teria sido "consdescendente demais com o setor" automotivo.
O congressista também acusou a Toyota de ter "enganado os consumidores americanos" em suas declarações sobre os problemas de aceleração súbita, e de ter-se baseado em informações incorretas para descartar a possibilidade de defeitos nos sistemas eletrônicos dos carros como possível causa do problema no pedal de aceleração.
O Comitê ouviu ainda nesta terça-feira as declarações do secretário de Transportes americano, Ray LaHood, e do diretor de operações da companhia japonesa no país, Jim Lentz.
Lentz acredita que os sistemas da empresa não apresentam problemas, segundo o texto de suas declarações distribuido à imprensa, ainda que reconheça que a companhia levou "tempo demais para tomar uma atitude sobre os problemas excepcionais de segurança, mas sérios", e atribuiu a demora a "uma comunicação ruim no interior da Toyota, com os reguladores e os consumidores".
A empresa consertou "cerca de um milhão de veículos" desde o início da crise no fim de janeiro, a um ritmo de 50 mil veículos diários, segundo Lentz.
Já o secretário de Transportes, Ray LaHood, defendeu seu trabalho e também a NHTSA, segundo uma cópia de seu discurso. - Desde que assumi funções 13 meses atrás, disse que a segurança era a prioridade número um do departamento. Quero pensar que damos mostras desse compromisso - afirma o texto distribuído à imprensa. - O caso da Toyota é um problema muito sério e o tratamos com seriedade - acrescentou.
No começo de fevereiro, a montadora anunciou o recall de 436 mil unidades do Prius 2010 e outros dois modelos de veículos híbridos por apresentarem falhas no sistema de freios. Antes, a companhia já vinha realizando o recall de outros 8 milhões de automóveis por problemas no pedal de aceleração.
Akio Toyoda foi convocado formalmente pelo Comitê de Energia e Comércio do Congresso dos Estados Unidos, para prestar depoimento sobre os problemas nos carros da montadora.
Os veículos da Toyota registraram três grandes problemas relativos à segurança: problemas no pedal do acelerador do Prius 2010, problemas para frear em superfícies irregulares nos modelos Prius, Hybrid Sai e Lexus HS250h, e o pedal do acelerador preso e dificultando a desaceleração nos modelos Aygo, iQ, Yaris, Auris, Corolla, Verso e Avensis.
A maioria dos casos de recall aconteceu nos Estados Unidos.