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Estudo: demitido procura microempresa

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Marta Nogueira, Jornal do Brasil

RIO - O avanço de fusões e aquisições de grandes companhias e a concentração de mercados importantes no domínio de poucos grupos deixam de fora muitos trabalhadores que vão buscar empregos em pequenas empresas. De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), foram criadas, de 1989 até 2008, 16,9 milhões de novas vagas em companhias de até dez funcionários. A abertura de postos de trabalho nos pequenos negócios avançou, em média, 4,2% ao ano.

Em 2008, o segmento de pequenas empresas (com até dez funcionários) era constituído por 31 milhões de ocupações, 2,1 vezes mais que em 1989 (14,1 milhões). Este forte crescimento foi impulsionado pelo quadro econômico desfavorável dos últimos 20 anos. O presidente do Ipea, Marcio Pochmann, destaca que, ao longo do período analisado, o Brasil teve taxa média anual de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 2,6%.

É muito comum que essas incorporações e fusões aconteçam em tempos de crise. É uma tendência internacional. E neste movimento, muitos trabalhadores perdem o emprego afirmou Pochmann.

De acordo com o presidente do Ipea, o brasileiro não aceita facilmente a posição de desempregado. E busca com rapidez fonte de renda, mesmo em atividades como produtor, vendedor ambulante e prestador de serviço de qualquer natureza.

O resultado foi o menor desemprego aberto no País, embora ocorresse o rebaixamento do nível de rendimento geral dos ocupados deaclarou Pochmann.

O adicional destes novos postos de trabalho provocou a queda do rendimento médio dos ocupados de 17,5%, no período analisado. Com isso, ocorreu o aumento da quantidade de pobres, dentre estes empregados. Embora a taxa de pobreza absoluta tenha diminuído de 30,3% para 17,4% no mesmo período de tempo.

O consultor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Sílvio Sales explica que o Brasileiro tem um caráter empreendedor muito forte. Mas, segundo ele, a vida útil de pequenos empreendimentos é muito curta. O Brasil precisa de um ambiente mais propício para esses negócios.

O peso da burocracia ainda é muito alto. E estes trabalhadores são importantes para girar a roda da economia disse Sales

Segundo a consultora de empresas, Anna Cherubina Scofano, cabe ao governo reavaliar o conjunto de políticas públicas, para a criação de estímulos aos pequenos empresários e profissionais.

Parte da ilegalidade das pequenas empresas se dá em busca da competição no mercado, com custos que garantam sua permanência afirmou Cherubina.

Os setores do comércio, alojamento e alimentação, da construção civil e o transporte e comunicação foram os que aumentaram suas participações relativas de 4,7%, em 1989, para 61,8%, em 2008. Em compensação, os demais setores (indústria, educação, saúde e outros) perderam participação relativa no total da ocupação no mesmo período de tempo.

Em janeiro, 132 pedidos de falência no país

O Indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações, divulgado quinta-feira, mostra que houve 132 pedidos de falência em todo o Brasil em janeiro, contra 124 no mesmo mês de 2009. A lenta restauração do crédito atrapalha a resposta das micro e pequenas empresas à crise. Dos 132 requerimentos de janeiro de 2010, 68% (90) foram feitos por pequenos negócios. Foi a mais alta proporção desde novembro de 2008.

O aumento gradativo do crédito para pessoa jurídica tem causado um descompasso face às necessidades de capital das empresas dentro de uma atmosfera de crescimento da economia, e o pedido de falência continua a ser usado como pressão de cobrança, afirmam os especialistas da Serasa Experian.

Quanto às quebras decretadas, houve 69 decretos em janeiro (63 de micro e pequenas e 6 de médias empresas), acima dos 61 notados no mesmo mês de 2009. As grandes empresas não tiveram nenhum colapso em janeiro de 2010. Já as médias exportadoras foram lesadas com o recuo econômico internacional, além da apreciação do real.

Com agências