Carolina Eloy, Jornal do Brasil
RIO - A taxa de desemprego no Brasil atingiu em dezembro seu índice mais baixo desde 2002, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciou a série de pesquisas. No último mês do ano, a taxa recuou para 6,8% e registrou a quarta queda consecutiva. Em novembro, o índice foi de 7,4%. Na média anual, o desemprego ficou em 8,1%, alta na comparação com 2008, quando o índice foi de 7,9%.
A população ocupada (21,8 milhões) cresceu 1% em dezembro ante novembro e 1,4% frente a igual mês de 2008. Os dados do IBGE foram investigados em seis regiões metropolitanas São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre.
Para o professor de economia da Trevisan Escola de Negócios Alcides Leite, essa queda em dezembro já era esperada por especialistas, mas surpreendeu ao se tornar o menor índice da série.
Segundo ele, alguns fatores contribuíram para o desempenho, como as contratações temporárias para o Natal. Leite afirma que foi o consumo interno que impulsionou a geração de empregos, com o aumento de vendas no comércio e a retomada da produção industrial.
O rendimento médio dos trabalhadores ficou em R$ 1.344,40, queda de 0,9% na comparação mensal e alta de 0,7% frente a dezembro de 2008. A massa de rendimento real efetivo dos ocupados cresceu 6,9% em relação ao mês anterior. Em 2009, a renda média do trabalhador foi de R$ 1.350,33, alta de 3,2% frente a 2008.
De acordo com o diretor de integração acadêmica da FGV, Antonio Freitas, o aumento na taxa de desemprego está relacionado às incertezas das empresas com a economia mundial. Por isso, diz ele, muitas delas resolveram adotar medidas preventivas, como a redução de custos e do quadro de funcionários.
O ano de 2010, entretanto, será positivo, com novos postos de trabalho no Brasil, sobretudo, para aqueles que necessitam de mão de obra qualificada, como o setor de serviços afirma.
O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado totalizou 9,8 milhões em dezembro, avanço de 1,5% ante novembro, o equivalente a mais 141.000 postos de trabalho formais. E manteve-se estável frente dezembro de 2008.
De acordo com Leite, o maior desafio para o país é a criação de empregos de qualidade, com carteira assinada e salários mais altos. Para ele, isso será uma tarefa para o próximo presidente, que deve propor alguns ajustes na legislação trabalhista.
O contingente de desocupados (1,6 milhão) nas seis regiões investigadas teve queda de 7,1% em relação a novembro, que corresponde a uma redução de 122.000 desocupados no mês. Em relação a dezembro de 2008, houve estabilidade. Frente a novembro de 2009, Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre foram as únicas regiões metropolitanas com variações estatisticamente significativas no número de desocupados, segundo os dados do IBGE.
Para Fabio Romão, da LCA Consultores, existe uma tendência de crescimento da população economicamente ativa durante esse ano. Ele diz que em 2010 a indústria será grande responsável pela ocupação, com a retomada da economia após o período de crise.