Os bancos europeus receberam o golpe em cheio durante o pregão: Barclays, RBS, Deutsche Bank, UBS, Credit Suisse, Société Générale, Natixis e Crédit Agricole perdiam todos mais de 4%; os demais títulos bancários recuavam também, mas em menores proporções.
Barack Obama afirmou quinta-feira que não queria "ver nunca mais o contribuinte norte-americano ser refém de instituições grandes demais para quebrar".
Na opinião dos analistas, a reforma qualquer que seja ela, limita-se aos Estados Unidos, não tendo senão pouca incidência sobre os bancos estrangeiros. "Não há um impacto direto", comenta um funcionário de alto escalão de um grande estabelecimento francês.
Mas a ofensiva de Obama não deixa os banqueiros indiferentes. "Seria falso dizer que não estamos preocupados. O clima mundial não é favorável aos bancos", disse. Os reguladores europeus poderiam ser tentados a aplicar no continente as propostas de Obama, segundo um analista que preferiu não ter o nome divulgado.
Se for esse o caso, "os bancos franceses seriam os mais tocados, porque possuem a maior quantidade de atividades de trading por conta própria", afirmou. Mas a maioria não acredita na importação pela Europa das ideias norte-americanas.
"Não acreditamos no momento num Glass Steagall Act à europeia. No entanto, vemos bem que a questão da regulamentação vai continuar em 2010 a "envenenar o setor", anunciou Pierre Chédeville, da CMC-CIC Securities.
Para os analistas da Keefe, Bruyette & Woods, "a declaração de Obama tem, antes de mais nada, um caráter político", mas "traz uma pitada de incerteza, num momento em que os investidores têm necessidade de visibilidade sobre o nível futuro de rentabilidade dos bancos".
Maria-Teresa Fernandez de la Vega, vice-presidente do governo espanhol, afirmou nesta sexta que algumas propostas de Obama haviam sido "bem acolhidas por alguns ministros da Economia" da União Europeia, mas lembrou que qualquer decisão deverá levar em conta as "particularidades econômicas".
O presidente Barack Obama voltou ontem a criticar os bancos do país e porpôs limitar a atuação das instituições norte-americanas, limitando os tipos de negócios que podem fazer.
A proposta de Obama limita a expansão dos riscos de negócios realizados por instituições que lidam com os consumidores norte-americanos. Bancos comerciais ficam proibidos de controlar, possuir, investir ou mesmo patrocinar fundos "Hedge", de alto risco, ou fundos de participações - "private equity". Suas operações devem se restringir a serviços ao consumidor. Dessa forma, o presidente dos Estados Unidos pretende separar os bancos que lidam com depósitos de indivíduos e empresas dos fundos de alto risco.
(Redação com agentes internacionais - Agência IN)