Jornal do Brasil
RIO - Um importante representante da indústria sucroalcooleira, Eduardo Leão de Souza, ex-coordenador regional dos Programas em Agricultura, Meio-Ambiente e Desenvolvimento Rural do Banco Mundial e atual diretor-executivo da União Nacional da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), integrou o grupo de palestrantes. Leão abordou as perspectivas do etanol no mundo a partir de sua vitoriosa história no Brasil, até que possa vir a se tornar commoditie em bolsas de mercadorias do mundo. Desde 2006, o setor cresce exponencialmente no país, com investimentos da ordem de US$ 20 bilhões, receitas anuais de US$ 23 bilhões sendo US$ 7,9 bilhões só em exportações, gerando 850 mil empregos diretos na agricultura e na indústria. Um dado bastante importante sob o ponto de vista ambiental é que "desde o advento do automóvel flex fluel, em 2003, foram evitadas emissões de CO2 na faixa de 45 bilhões de toneladas", como ele destacou.
Fatores diferenciados incentivam o crescimento do mercado de etanol no Brasil e no mundo. No Brasil, o crescimento da frota de veículos flex fuel é o grande impulso do momento, assim como a bioeletricidade e o desejo de criar novos usos para a cana. No mundo, onde o interesse pelo etanol é ainda incipiente, embora crescente, a preservação ambiental é o grande atrativo, juntamente com o desejo de menor dependência de petróleo importado.
No setor automotivo brasileiro, os carros flex correspondem a 30% da frota circulante, apontando para grandes possibilidades de crescimento do setor do álcool, já que ao longo dos anos os veículos serão substituídos gradativamente por modelos bicombustíveis.
Eduardo Leão explicou, rebatendo uma conhecida falácia internacional a cana-de-açúcar não tem condições de vir a atingir as fronteiras agrícolas da Amazônia por se tratar de um produto altamente perecível, que depende da existência de uma estrutura industrial muito próxima. Ressaltou, também, a importância da bioeletricidade, não só por ser uma opção de energia limpa, mas também como um complemento à hidroeletricidade, já que a cana é colhida justamente nos períodos em que os reservatórios de água estão mais baixos, aumentando a segurança do setor elétrico.
O representante da indústria explicou que a adoção do etanol em outros países depende de políticas públicas e "mandados de mistura" que obriguem a sua adoção na mistura da gasolina. Os Estados Unidos e a União Europeia são potencialmente grandes consumidores do etanol brasileiro, posto que têm legislações muito claras quanto ao uso de energias limpas. O grande entrave no momento são as altas taxas para a entrada do produto brasileiro, que inviabilizam uma maior comercialização. Mais de 100 países têm condições ambientais de produzir o etanol, algo que interessa ao Brasil, por consolidar a posição do produto como commoditie. Também será importante ambientalmente, pelo benefício da redução de emissões de gases do efeito estufa.