Sabrina Lorenzi, Jornal do Brasil
RIO - A performance da Petrobras no primeiro semestre do ano foi bem melhor que a de suas concorrentes estrangeiras. A companhia lucrou R$ 13,5 bilhões no primeiro semestre cifra 20% menor do que no mesmo período do ano passado, quando o petróleo valia o dobro. Já as rivais amargaram quedas superiores a 50%, chegando a 66% no caso das gigantes Shell e Exxon Mobil.
Ao contrário das outras multinacionais, a Petrobras teve a seu favor o aquecido mercado brasileiro. A maior parte das vendas da empresa é voltada para o consumo interno, que saltou 10% de abril a junho. Os resultados já incluem a redução de 4,5% no preço da gasolina e de 15% no óleo diesel, em junho.
O resultado surpreendeu especialistas graças ao fôlego renovado no segundo trimestre, quando a estatal lucrou R$ 7,734 bilhões. O valor é 33% maior que o resultado do primeiro trimestre, mas ainda ficou abaixo do lucro alcançado no mesmo período do passado.
"A cotação média do petróleo Brent passou de US$ 109, no 1º semestre de 2008, para US$ 52, no mesmo período de 2009, representando uma queda de 53% no período. Ainda assim, a Petrobras obteve um bom resultado operacional", informou a companhia no relatório ao mercado.
A receita líquida atingiu R$ 44,6 bilhões no segundo trimestre, com a produção de de 2,524 bilhões de barris de óleo equivalente. Trata-se uma alta de 2% sobre o primeiro trimestre e de 6% sobre o mesmo período do ano passado.
O resultado mostra uma tendência muito positiva que vinha sendo observada desde o início do ano, com recuperação dos preços e aumento da produção comentou o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa.
No relatório ao mercado, a companhia atribui o resultado positivo também à recuperação das cotações do petróleo. "A elevação da produção, a recuperação dos preços do petróleo (do primeiro para o segundo trimestre) e seu reflexo sobre as exportações e a redução das despesas operacionais contribuíram preponderantemente para esse resultado". Houve aumento na produção das plataformas P-52 e P-54 (Roncador), "aliado à entrada em operação das plataformas P-53 (Marlim Leste) e P-51 (Marlim Sul), que superaram o declínio natural dos campos maduros".
A estatal registrou ganhos antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de 17,51 bilhões de reais no período, ante 18,63 bilhões no segundo trimestre de 2008.
O dólar em queda foi um impacto negativo para o banaço da Petrobras. Houve perda de R$ 2,5 bilhões no segundo trimestre. Barbassa explicou que a empresa perde com a valorização do real porque boa parte de seus ativos no exterior perdem valor quando são convertidos para reais.
A americana Exxon Mobil lucrou de US$ 3,95 bilhões no segundo trimestre. O lucro da anglo-holandesa Shell, considerada a maior empresa do gênero pelo ranking elaborado pela revista "Forbes", ficou em US$ 3,822 bilhões. A inglesa BP (British Petroleum) anunciou queda de 53%. A Chevron informou recuo de 71% em seu lucro líquido no segundo semestre.