Natália Pacheco, Gabriel Costa e Sabrina Lorenzi, Jornal do Brasil
RIO DE JANEIRO - Apesar do aumento da procura por planos de saúde de 10% a 20% nos últimos três meses em função da gripe suína, os investimentos das operadoras e dos hospitais privados não vão aumentar além do que já havia sido previsto antes da epidemia. A Federação Brasileira dos Hospitais (FBH), que reúne empresas privadas, avalia que o governo é quem deve arcar com investimentos extras na ampliação de toda a rede de cobertura, seja ela privada ou particular. Isso porque boa parte dos usuários da rede particular é proveniente do Sistema Único de Saúde (SUS), causando um verdadeiro jogo de empurra.
Quem tem de cuidar disso é o governo. Há 10 anos viemos cobrando das autoridades investimentos afirma o presidente da FBH, Eduardo de Oliveira.
O plano de contingência da Unimed Paulistana para a gripe suína não prevê a ampliação da rede credenciada de clínicas e hospitais. A operadora prefere investir em medidas de orientação, principalmente em empresas, devido ao contrato coletivo.
Os planos estão mantidos, mas a rede apenas aumentou o contingente de pessoal para o atendimento nas emergências disse o diretor da Rede D'Or de hospitais, Rodrigo Gavina.
Os planos de investimento da Rede D'Or para 2009 são em torno de R$ 70 milhões, tanto em expansão de leitos em hospitais existentes como em novas unidades hospitalares.
Tanto o representante da FBH como como o presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), Alrindo Almeida, avaliam que a maior demanda por investimentos está na ampliação da capacidade de atendimentos de emergências e de ambulatórios, pois o número de leitos é suficiente para atender a população.
Tanto o hospital público quanto o privado têm que se aparelhar acrescentou Oliveira.
Almeida faz coro ao diagnóstico da FBH:
O atual número de quartos é suficiente. São as emergências que estão no limite. Para controlar essa situação, basta reforçar as equipes em horários de pico e criar ambulatórios extras de atendimento. E essas medidas não requerem grandes investimentos. Como toda companhia, as operados também contam com planos de contingência.
O diretor técnico do grupo Amil, Antonio Jorge Kropf, afirmou que o volume de internações de casos de gripe suína vai crescer até setembro, mas a empresa não deve investir em medidas de combate à gripe. A razão é a estrutura da rede, que conta com mais de 2.900 hospitais, 44.200 consultórios e clínicas médicas e 7.100 laboratórios e centros de diagnóstico de imagens, de acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). No grupo, há atualmente 15 clientes internados com sintomas da gripe, oito deles em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
A Unimed Rio também não prevê ampliar a rede credenciada, mesmo com o aumento de 20% na procura pelo plano de saúde de maio a julho deste ano.
Serviços mais caros
Se por um lado as empresas não estão investindo em ampliação da rede, por outro estão arcando com despesas maiores, no caso dos planos de saúde. E isso pode ser revertido no preço dos planos de saúde, se prevalecer a vontade das operadoras.
Se a procura pelos hospitais aumentar muito, vai estourar as despesas do plano. Então, também é do interesse delas orientar os funcionários disse a diretora de Regulação da Unimed Paulistana, Ana Regina Vlainich Se houver aumento, as operadoras repassarão os custos aos clientes
Mas o reajuste não é tão simples quanto parece. As operadoras devem enviar os relatórios para a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que avaliará os cálculos.
Não são as empresas que determinam os preços, mas a ANS. É possível que tenha reajuste, mas ainda é cedo para afirmar. Além disso, a procura no inverno sempre aumenta disse o presidente da Abramge, Arlindo Almeida.