Ricardo Rego Monteiro, Jornal do Brasil
RIO - Ao driblar os efeitos da crise mundial e adquirir a segunda maior cadeia varejista do país, o grupo Pão de Açúcar não só busca se beneficiar da demanda reprimida por consumo de eletroportáteis da chamada classe média baixa, mas também prepara voos mais altos para o exterior. Especialistas do setor avaliam que, turbinado por maior rentabilidade no Brasil, pelo fôlego financeiro do grupo francês Casino e pelo real forte, o Pão de Açúcar deve avançar sobre países da América do Sul. Com o dólar enfraquecido, argumentam, torna-se mais interessante ao grupo operar parte da cadeia de distribuição nos vizinhos do continente.
A aquisição do Ponto Frio faz o Pão de Açúcar avançar sobre o território nacional, em regiões nas quais ainda não estava presente exalta Marco Aurélio Velloso, economista do Ibmec. O Ponto Frio tem o grande mérito de dispor de uma rede espalhada por todo o país e com excelentes pontos de venda, o que representa fator fundamental para o sucesso no setor varejista.
Diretor do grupo Azo, Marco Quintarelli vê a operação como uma tendência mundial do setor. Redes como a americana Wall Mart, exemplifica, também buscam crescer em setores nos quais ainda tem pouca presença por meio da compra de concorrentes. Especificamente com relação ao Ponto Frio, Quintarelli vê o negócio como a concretização de uma oportunidade aberta pelos sinais de estabilidade verificados nos últimos meses no país.
Foi um bom negócio, pois o setor de eletroportáteis tem crescido muito nos últimos anos, a reboque do aumento do poder de consumo da classe C, depois do Plano Real analisa Quintarelli.
A partir de agora, afirma Velloso, as condições macroeconômicas do país, e do mercado varejista em si, criam oportunidades de expansão no exterior para o Pão de Açúcar.
Com o dólar em baixa, torna-se interessante para um grupo como o Pão de Açúcar, que líder no Brasil, expandir por mercados como América do Sul e África avalia Velloso. As empresas deverão ampliar o território econômico brasileiro.