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Euro forte não desbanca dólar na América Latina

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Maria Luiza Filgueiras, Jornal do Brasil

BRUXELAS - O volume de papel-moeda de euros é hoje maior que o volume de dólares em circulação no mundo. Segundo o Banco Central Europeu, são 750 bilhões de euros espalhados pelo globo em transações de compra, venda, investimento e poupança. A performance da moeda também tem se sobressaido nesta crise financeira em relacao à norte-americana. O euro está menos volátil e tem apresentado valorização ante o dólar, no que os especialistas chamam de o primeiro grande teste da moeda unificada, hoje oficial em 16 países da Europa.

A visão do HSBC Brasil é de fortalecimento do euro com relação ao dólar, conta creditada às perspectivas inflacionárias.

A principal razão é a forte discrepância nas políticas monetárias do Federal Reserve e do Banco Central Europeu. O Fed, ao promover forte expansão de seu balanço, busca diminuir a contração de sua economia, mas as chances de que acabe por sinalizar um nível claramente mais alto de inflação mais à frente é grande. Por outro lado, o BCE não está promovendo uma expansão de seu balanço, o que levará o mercado a projetar inflação menor explica André Loes, economista-chefe do HSBC Brasil.

O banco espera que um euro custe US$ 1,50 no final do ano, enquanto o dólar deve custar R$ 2,10 no mesmo periodo.

Sem mudanças

Entretanto, este cenário não deve contribuir para que os investidores da América Latina troquem, no curto prazo, sua segunda moeda. No Brasil, o euro representa cerca de 10% das reservas nacionais. Segundo membros da Comissão Europeia, a moeda representa 25% das reservas globais e, geograficamente, este recurso está concentrado nas nações vizinhas ao continente emissor representatividade insuficiente para fazer frente às garantias que os investidores procuram em câmbio.

Os Bancos Centrais, bem como os investidores privados, procuram reservas de fácil compra e venda, o que é fundamental, por exemplo, quando o agente regulador precisa fazer intervenção para evitar grandes apreciações ou depreciações da moeda local como o BC do Brasil tem feito constantemente, desde o início da crise, através de leilões e swaps cambiais, que equilibrem real e dólar.

Essa preferência se dá por conta da liquidez da moeda norte-americana no país, já que as transações comerciais internacionais e operações de mercado de capitais são feitas com base em contratos em dólar. Haja visto as perdas registradas por companhias como Sadia e Aracruz em derivativos cuja exposição era ao dólar. Além disso, o BC compõe as reservas conforme a composição da dívida.

Alem de não afetar reservas, a variação da moeda europeia tambem deve ter pouco impacto nas transações comerciais.

Não acredito que esse movimento seja muito relevante para o comércio exterior com a zona euro. Primeiro, porque parte da apreciação já ocorrida do real estaria sendo compensada por uma desvalorização do dólar com relação ao euro. Além disso, o fator dominante para a determinação das trocas comerciais nesse momento é a contração da demanda externa, e não a rentabilidade relativa das exportações resume Loes.