ASSINE
search button

Desoneração terá impacto já no segundo trimestre

Compartilhar

Jornal do Brasil

DA REDAÇÃO - As medidas de estímulo anunciadas segunda-feira devem contribuir para melhorar o resultado da economia brasileira no segundo trimestre deste ano, ao reduzir os custos e estimular a demanda nos segmentos beneficiados. A avaliação, do professor Anselmo Luis dos Santos, do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), reverbera a certeza do mercado sobre o papel que o governo deve ter na estratégia de combate à crise. Embora com escopo diferente das medidas anunciadas ontem pelo presidente americano até pela menor gravidade da situação no Brasil , o pacote brasileiro confirma a importância do Estado na recuperação da atividade econômica.

Ex-presidente do Banco Central do Brasil (BC), Carlos Langoni, do Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas (FGV), avalia o corte de impostos como medida mais eficaz e segura, para combater a crise, do que o aumento dos gastos do Estado. Para o economista, ao estender por mais três meses a isenção do IPI para veículos, o governo mantém a estratégia que deu certo no primeiro trimestre deste ano. Foi por meio dessa medida, lembra Langoni, que o governo conseguiu interromper a queda na produção do setor automotivo em janeiro.

Santos, da Unicamp, pondera, no entanto, que, apesar do acerto, o governo poderia ter estendido a isenção do IPI para outros setores da indústria, como o têxtil, o calçadista e o alimentício principalmente sobre os itens da cesta básica.

Como já está mais do que claro que a política monetária perde sua força nos momentos de crise mais aguda, resta ao governo a política fiscal afirma o professor da Unicamp. Esse é o momento de não se preocupar com gastos públicos, haja vista o que outros países, como os EUA, têm feito. Tem de ser assim também no Brasil.

No sentido oposto, o economista José Márcio Camargo, economista da Opus Gestão de Recursos, avalia como mais eficazes contra a crise medidas como a desoneração de impostos que incidem sobre a folha de pagamentos. A medida, justificou, beneficiaria toda a indústria do país, em vez de setores específicos, como o automobilístico e o de material de construção. A desoneração da folha, de acordo com Camargo, teria a vantagem adicional de aumentar a produtividade da indústria no momento da recuperação da atividade.