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Varejo ignora crise na Páscoa

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Natalia Pacheco, Jornal do Brasil

RIO - Apesar da acentuada queda do consumo em vários setores em função da crise financeira internacional, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) prevê um crescimento de 10,3% nas vendas durante a Páscoa deste ano, no dia 12 de abril. À exceção de vinhos importados, cuja perspectiva é de queda de 2,2%, todos os produtos pesquisados registraram alta: peixes em geral 13%, ovos de chocolate 8,2%, colomba pascal 6,8%, bacalhau 6,3%, bombons 5,7%, azeites 3,2%, e vinhos nacionais 2,2%.

De acordo com a pesquisa da Abras, houve um aumento, em média, de 6,8% em relação ao ano passado. Os produtos que mais aumentaram foram os importados, devido à desvalorização do real frente ao dólar. Um dos produtos mais cobiçados nesta época do ano, o bacalhau, subiu 23,1% para os varejistas. Isso causou um reajuste de 9,8% do peixe para o consumidor final. O vinho importado subiu 13,7%, os azeites, 11,2%, e os ovos de chocolate, 4,6%.

Nacionais ganham espaço

Para não deixar de curtir a data, tão comemorada no país, uma solução para o consumidor brasileiro são os produtos nacionais, que sofreram variações de preços menores do que os importados. O vinho, por exemplo, aumentou 5,3% 8,4 pontos percentuais a menos do que o importado. O tão desejado bacalhau da Noruega pode ser substituído pelos peixes menos sofisticados, mas tão deliciosos quanto, como o merluza, que subiu, na média, 6,6% em relação à Páscoa passada. Para incrementar o tradicional almoço de domingo, o camarão pode fazer parte da refeição. O preço do crustáceo caiu em até 15%, segundo a Abras.

Mas há quem continue fiel à tradicional bacalhoada. A aposentada Vanda Albuquerque, que não abre mão da reunião familiar na data, reclama dos altos preços praticados pelo mercado, mas mesmo assim não deixará de comprar o peixe da Noruega.

O preço está bem salgado para o bolso do brasileiro, mas é uma data muito especial que merece ser celebrada com pompa disse.

Já a dona-de-casa Rosângela Nunes vai desistir do tradicional bacalhau e partir para um peixe mais em conta.

O bacalhau está fora da minha ceia. Vai todo mundo comer um peixe com molho de camarão, que também é uma delícia. Só não vou abrir mão dos ovos de chocolate porque minha filha, de 10 anos, espera ansiosamente conta.

Chocolates em alta

A produção de ovos de chocolate brasileiros terá um aumento de 4,8% este ano em comparação com a Páscoa de 2008. A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) estima um total de 113 milhões de unidades, número que mantém o Brasil no segundo lugar no ranking mundial dos produtores de ovos, atrás apenas da Inglaterra.

O presidente da Abicab explica o aumento da produção brasileira, mesmo com uma crise econômica que assola o mundo. O consumo médio de chocolate per capita no Brasil é em torno de 2,5 kg por habitante, com variações regionais.

A Páscoa é uma ocasião de confraternização e o brasileiro é muito apegado à data. A produção de chocolates no país cresce a cada ano. A crise não chegou nem perto desse setor afirma Getúlio Ursulino Netto.

Em relação aos preços, a associação admite que devem ficar 8% mais altos. O motivo do reajuste é a conta dos níveis de inflação do período e os aumentos dos insumos mais importantes para a produção dos ovos, como cacau, leite e açúcar, além da embalagem e mão-de-obra. Mas o presidente da Abicab garante que há chocolates de todos os tipos, preços e gostos.

Há uma variedade muito grande de produtos. Só nesta Páscoa, há 115 novidades, ou seja, ovos para todos os gostos e de vários tamanhos destaca Ursulino Netto. O preço vai variar dependendo de fatores como público-alvo de cada loja, região, entre outros.

Os irmãos Erick e Illana, de 18 e 21 anos, respectivamente também não vão abandonar os ovos de chocolates neste ano por causa dos altos preços. Para não dependeram da boa vontade dos pais, vão comprar as delícias como o próprio dinheiro.

Não existe Páscoa sem ovo. E queremos mais de um. Além disso, vamos participar de um amigo oculto de chocolate dizem os irmãos.

A aposentada Maria Luiza não vai fazer uma grande ceia porque parte da família não mora no país. Mas mesmo assim vai comprar um chocolate para a netinha Alice, de um pouco mais de um ano.

É para ela começar a entender o sentido da Páscoa explicou

O faturamento da indústria de chocolate deve chegar a R$ 828 milhões nesta Páscoa.