Portal Terra
TERRA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu nesta quarta-feira telefonar para o presidente da Embraer, Frederico Curado, e apelar mais uma vez por uma negociação entre a cúpula da empresa e os funcionários. O telefonema deve ocorrer nesta tarde, um dia antes audiência de conciliação entre os diretores da indústria aeronáutica e as entidades sindicais, no Tribunal Regional do Trabalho de Campinas.
Quarta maior fabricante de aviões no mundo, a Embraer anunciou a demissão de 4.270 funcionários no Brasil, Cingapura, França e Estados Unidos, argumentando que o corte no quadro de pessoal ocorria "em decorrência da crise sem precedentes que afeta a economia global, em particular o setor de transporte aéreo".
Segundo os sindicalistas, a Embraer tem em caixa R$ 3,6 bilhões. Na última sexta-feira, o desembargador Luís Carlos Cândido Martins Sotero da Silva, presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, em Campinas, suspendeu os cortes sem justa causa feitos pela empresa desde 19 de fevereiro até 5 de março.
- O presidente disse que estava indignado com as relações sindicais da empresa e afirmou estar torcendo para que a Justiça mantenha a decisão de reintegrar (os funcionários)- declarou o secretário-nacional do movimento sindical Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas), Luiz Carlos Prates, após a reunião com o presidente.
Durante a conversa com os sindicalistas, Lula ponderou que a Embraer não deveria ter feito as demissões sem negociar com os sindicatos e explicou aos trabalhadores que a economia nacional começa a mostrar sinais de melhora após o período mais grave da crise.
Segundo o presidente, prova disso seria a decisão da Volkswagen de convocar funcionários para trabalhar em regime de hora extra a fim de dar conta da demanda.
Os trabalhadores pediram ao presidente que, se fossem mantidas as demissões, a empresa deveria ser novamente estatizada. Lula, que havia recebido a cúpula da Embraer no Palácio do Planalto na última semana, não se manifestou sobre a opinião dos sindicalistas.
O governo já tem estudos para comprar da Embraer aeronaves do tipo C-390 para substituir as velhas máquinas da Força Aérea Brasileira, mas não há prazo para a conclusão da transação.