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Economista acha que governo age com atraso perante a crise

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Agência Brasil

BRASÍLIA - O governo passa a impressão de que tem agido com um passo atrás, com certo atraso para conter a crise, avalia o economista José Luís Oureiro, professor da Universidade de Brasília (UnB) e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômica e Social (CDES), órgão consultivo da Presidência da República.

- O governo tem agido como se estivesse reagindo aos acontecimentos. Talvez porque existia antes uma idéia de que a economia brasileira estivesse blindada em relação aos efeitos da crise, ou talvez porque o governo não consiga se livrar da maldita herança ideológica do governo anterior. Trata-se de um política ortodoxa e conservadora - destacou.

Oureiro citou a demora em adotar uma política mais expansionista em relação ao crédito. - Há dois meses, havia gente ainda defendendo aumento de juros - criticou, ao defender que já havia em outubro e novembro um cenário com inflação baixa e com vistas a uma baixa produção.

- O governo fica com medo de fazer uma política fiscal expansionista e aumentar a dívida pública. Mas a dívida pública diminuiu. O governo tem hoje mais espaço para agir e fazer uma política anticíclica - sugeriu.

Oureiro defendeu que o governo use os bancos públicos para forçar uma política de expansão do crédito. Ele acredita que o governo deve repetir o aporte de recursos feito ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), só que junto ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal. - É o momento de usar os bancos públicos como instrumentos de política de crédito - destacou.

Mesmo com atraso, o professor reconhece que houve uma mudança no discurso do governo, a partir do fim do ano passado, com o agravamento da crise e seus efeitos na economia brasileira. - Até outubro, o governo ainda dizia que era uma 'marolinha'. Até que veio a forte desvalorização do real frente ao dólar - disse.