Natalia Pacheco, Jornal do Brasil
RIO - Quem comprou ações da Petrobras nos últimos dois anos de olho nos lucros recordes da empresa, terá de esperar para reaver o seu investimento de volta. Analistas de mercado prevêem que 2009 será um ano de baixa nos papéis da petroleira. Prova disso é o rebaixamento das indicações dos bancos para compras de ações da companhia, atualmente em torno de R$ 25. As ações da Petrobras só devem voltar a subir em 2010, quando a crise financeira internacional amenizar.
O colapso econômico mundial atingiu a estatal por todos os lados já que os custos de produção de petróleo não páram de crescer e o barril já caiu mais de 70% nos últimos meses, ao passar de US$ 150 o barril para a casa dos US$ 30. Vale lembrar, que a Petrobras faz seus cálculos com o preço mínimo de US$ 35, o barril.
Lucros
A supervalorização do barril proporcionou lucros recordes à petroleira nos últimos anos. Foi neste momento em que os negócios com os papéis da Petrobras tiveram ganhos estrondosos para os investidores de bolsas de valores. Mas a queda desenfreada do barril vai afetar o resultado da companhia, que passará por um ano sem as notícias de lucros recordes. E é essa a principal causa da redução dos negócios com as ações da empresa, que vem sofrendo desvalorizações. Os papéis preferenciais da estatal fecharam o pregão desta sexta-feira da Bovespa em queda de 0,21%, a R$ 23,59, e as ações ordinárias sofreram desvalorização de 0,24% e fecharam a R$ 28,24.
Segundo o analista da Gradual Corretora, Eduardo Cortez, o preço justo das ações da companhia para 2009 é de R$ 46, o que não deverá ser atingido.
O anúncio do Plano de Negócios pode ajudar os papéis da companhia por alguns dias, mas o que vai determinar o seu desempenho serão os lucros trimestrais disse.
Há quem acredite que as ações só voltarão a ser a menina dos olhos dos investidores quando o preço do barril se fixar. A cotação volátil no período de crise causará a redução dos negócios com os papéis da Petrobras.
Os pacotes econômicos anunciados pelo governo podem melhorar a imagem da petroleira, mas também não serão suficientes para elevar as ações. Mesmo o baixo endividamento da Petrobras, de R$ 47 bilhões (dado de setembro de 2008) frente aos seu patrimônio líquido, em torno de R$ 140 bilhões, não anima os investidores.
O que interessa é o lucro. Os outros índices contam em um contexto estável e não de crise explicou o analista do Banco do Brasil Investimentos, Nelson Rodrigues de Matos.
Em relação ao cenário financeiro internacional dos semestres deste ano, o primeiro deverá ser pior do que o segundo, então é possível que os negócios com as ações da petroleira aumentem e os ativos fiquem mais valorizados. Mas não é para esperar cotações similares as de antes da crise. Esse aumento será modesto, mas já é uma sinalização de que o quadro está mudando e que os investidores podem voltar a apostar nos papéis da Petrobras.
Há uma perspectiva melhor para o segundo semestre, mas ainda é muito difícil avaliar qual será o preço ideal para as ações da petroleira. Os atuais valores não são justos porque refletem a instabilidade da economia internacional, que causa queda da demanda de petróleo e consequentemente redução dos preços do barril ressaltou a analista da lopes Filho e Associados Consultores de Investimentos, Leila Almeida, que ainda destava que os corte de produção da Opep devem ajudar a elevar os preços da commodity.