Ayr Aliski, Jornal do Brasil
BRASÍLIA - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, determinou: são os bancos públicos que deverão liderar a redução dos spreads bancários praticados no país. A decisão foi tomada nesta quinta-feira, em reunião realizada no Palácio do Planalto, com os presidentes do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco da Amazônia (Basa) e Banco do Nordeste. Outra determinação foi a de que os bancos acelerem a liberações de crédito, em uma estratégia para reativar a atividade econômica.
O spread chegou a patamares inimagináveis disse nesta quinta à tarde o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao admitir que, desde setembro, data da explosão da crise financeira internacional, houve um enxugamento geral da oferta de crédito.
Mantega argumentou que os bancos oficiais seguiram em sentido inverso e ampliaram o volume de recursos oferecidos aos clientes.
Isso mesmo de setembro a dezembro disse Mantega, referindo-se ao período crítico da crise.
Segundo Mantega, o BNDES aumentou em 40% a oferta de crédito no ano passado, liberando R$ 91 bilhões. Essa expansão deve aumentar, pois o governo pretende que o BNDES financie investimentos em um patamar mínimo de R$ 116 bilhões este ano.
Mercado local
Mas Mantega admitiu que apesar de os bancos públicos terem aumentado a oferta de recursos, o volume total de crédito não foi suficiente para suprir a demanda, tendo em vista a restrição de liquidez interna e externamente.
Empresas que pegavam crédito no exterior estão procurando o mercado local disse.
Foi levando em consideração que o financiamento interno ganhou importância nos últimos meses e que justamente nesse período houve aumento do spread que o governo decidiu estabelecer que os bancos públicos deverão liderar o movimento pelo crédito mais barato. Mantega disse que a medida não afetará a saúde financeira dos bancos públicos, mas apenas trará as taxas de juros finais a patamares compatíveis com a solidez do país. Banco do Brasil e Caixa não comentaram as declarações de Mantega.
O spread, diferença entre a taxa de captação do dinheiro, ou seja, a remuneração paga a quem aplica seu dinheiro; e a taxa de repasse, cobrada do tomador de crédito, atingiu recordes a partir do último trimestre, depois da acentuação da crise econômica mundial. Em novembro, o spread cobrado no segmento de Pessoa Física foi de 30,24 pontos percentuais, o mais elevado desde novembro de 2003, quando foi de 30,46 pontos. Para o segmento de Pessoas Jurídicas, o spread de novembro foi de 18,26 pontos percentuais, o mais elevado da década.
A reunião no Palácio do Planalto na qual foi discutido o problema do spread bancário teve a presença, também, do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles; da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff; e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.