ASSINE
search button

Setor está estruturado para enfrentar a crise

Compartilhar
SÃO PAULO, 16 de janeiro de 2009 - As dimensões da crise financeira são ainda incertas, mas seus reflexos não atingiram de forma determinante o setor de papel e celulose no Brasil. Com o agravamento da situação econômica, as empresas decidiram reduzir a produção de celulose e papel nos meses de outubro e novembro, mas a medida não impedirá o setor de alcançar a meta de produção de 12,850 milhões de toneladas de celulose em 2008. A projeção é da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). No Brasil, a interrupção de produção reduziu em 140 mil toneladas a fabricação de celulose. No mundo, a cifra alcançou 2 milhões de toneladas.

Entretanto, o crescimento projetado da produção nacional de celulose é da ordem de 7,1% em 2008, em relação a 2007, quando as empresas do setor totalizaram 12 milhões de toneladas de celulose. "Essa é uma importante conquista, principalmente nesse momento em que analisamos os efeitos da crise financeira internacional no setor´, disse Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Bracelpa. Segundo ela, a meta é manter esse posto no ano que vem.

Já a produção de papel estimada para 2008 é de 9,2 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 2,1% em relação ao ano anterior. O destaque foi a previsão de aumento em 5,3% do consumo aparente de papel.

A Europa continua a ser o principal destino da celulose brasileira, com 52% de participação, seguida pela América do Norte (19%), China (18%) e Ásia e Oceania (10%). Essa composição diversificada da exportação permitirá ao Brasil se desvencilhar mais facilmente dos obstáculos da crise. "O País não depende de um único país comprador, o que é fundamental na crise atual. A balança comercial do setor será mantida, graças a essa configuração do comércio exterior", afirmou Elizabeth.

De acordo com a executiva, outro fator favorável ao Brasil é que os principais concorrentes do setor, na Europa e na América do Norte, têm maior custo de produção em relação à madeira e à energia. Outras, por sua vez, estão se tornando obsoletas. "Aqui há forte investimento em tecnologia. A obsolescência das fábricas estrangeiras garantirá vantagem competitiva ao nosso País", declara.

Para Elizabeth, a competitividade e a produtividade brasileira estão imunes à crise. "Estamos muito bem estruturados para, após a fase conjuntural, sairmos mais fortalecidos que nossos concorrentes", disse.

De acordo com a Bracelpa, dois fatores são importantes diferenciais do setor em relação à concorrência. Primeiro, as empresas de celulose e papel instaladas no Brasil são referência mundial em manejo florestal e sustentabilidade, com destaque para o fato de que 100% da produção de celulose e papel no País vem de florestas plantadas, que são recursos renováveis.

Além disso, o setor investiu muito em pesquisa e, hoje, as florestas plantadas alcançaram a maior produtividade do mundo - em média, 41 metros cúbicos por hectar no ano para o eucalipto e 35m³/ha/ano para o pínus.

"Esses fatores, somados à expectativa de crescimento dos países emergentes, depois da crise, inclusive no Brasil, serão fundamentais para as definições do mercado nos próximos meses", conclui Elizabeth.

(Micheli Rueda - InvestNews)