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Emprego aproxima Brasil dos EUA

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Viviane Monteiro , Jornal do Brasil

BRASÍLIA - A turbulência observada no mercado de trabalho nacional já é idêntica a dos Estados Unidos. O que muda é a intensidade das demissões que ocorrem nos dois países. A avaliação é do Técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Roberto Gonzalez, ao lembrar que, nos EUA, entre novembro e dezembro, as demissões comprometeram o emprego de 1,108 milhão de trabalhadores. No Brasil, comparou, esse número pode chegar a mais da metade ao redor de 650 mil em igual período, caso o Ministério do Emprego e Trabalho confirme na segunda-feira as 600 mil demissões de dezembro, antecipadas na última quinta-feira pelo presidente Lula.

O especialista do Ipea prevê resultado negativo do emprego em janeiro e já vê uma reversão na tendência de queda da taxa de desemprego em 2009. A curva de desemprego no Brasil começou a declinar a partir de 2005.

Há uma tendência de aumento do desemprego no país, mas não temos idéia de quão forte será esse aumento.

De acordo com o especialista, diante da turbulência, muitos contratos temporários de fim de ano não devem ser efetivados neste inicio de ano, o que deve gerar saldo de emprego negativo.

Caso se confirme a projeção do especialista do órgão vinculado ao Ministério do Planejamento, esse seria o primeiro mês do ano negativo desde janeiro de 1999. Professor da Universidade de Brasília (UNB), Jorge Pinho confirma que a tendência é de alta da taxa de desemprego no Brasil este ano. O professor prevê que a taxa voltará aos patamares de 2002, e atingirá 10% o que pode representar algo em torno de 2,3 milhões pessoas desempregadas nas regiões metropolitanas pesquisadas em 2009. A taxa hoje está em 7,6%, segundo o último dado da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, de novembro. Economistas acreditam que a taxa poderá atingir até 13% até então o pico observado em abril de 2004.

Segundo Gonzalez, que demonstrou cautela nas análises, o mercado de trabalho brasileiro está interrompendo uma tendência de queda na taxa de desemprego.

E essa interrupção de queda da taxa de desemprego é algo preocupante avaliou, ainda que não arrisque em dizer que a crise chegou de vez ao Brasil.

O cenário é preocupante, segundo Gonzalez, porque a expectativa é de que a produção industrial não cresça , diante da redução do índice de confiança do consumidor na economia e redução do consumo. Dessa forma, as empresas começam a demitir e isso pode agravar ainda mais o efeito da crise no Brasil. Ainda assim, diz que só será possível saber o verdadeiro impacto da crise com o passar do tempo, quando novos dados forem revelados.

Os dirigentes do IPEA apresentarão nesta terça-feira o estudo Crise econômica internacional e possíveis repercussões: primeiras análises. Segundo o IPEA, serão analisadas as manifestações e as reações governamentais à crise econômica internacional, bem como as possíveis repercussões no Brasil .

A crise financeira mundial freou o mercado de trabalho no Brasil a partir de outubro de 2008, quando a criação de empregos desacelerou de 205,2 mil vagas em setembro para 61,4 mil em outubro. O cenário se agravou e, em novembro, as demissões superaram em 40,8 mil as contratações, segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). As demissões sazonais de fim de ano em 2008 foram agravadas pelo impacto da crise. Em dezembro, a previsão é de que as demissões dobrem a média mensal histórica de 300 mil e chegue ao redor de 600 mil.