Jornal do Brasil
RIO - O governo americano vai empenhar US$ 439 bilhões para ajudar duas das principais instituições financeiras do país, o Bank of America (BofA) e o Citigroup, na tentativa de evitar que outras instituições bancárias dos EUA tenham o fim que tiveram o Lehman Brothers e o Washintgon Mutual. Os dois bancos fecharam as portas no ano passado, em um processo atribuído por muitos analistas como um dos marcos do agravamento da crise mundial.
O BofA recebeu nesta sexta-feira mais US$ 20 bilhões do governo para ajustar sua contabilidade, depois da compra do Merrill Lynch. O Departamento do Tesouro investirá em troca de ações preferenciais com um dividendo de 8% na instituição. Já o Citi anunciou que concluiu os detalhes da garantia de US$ 301 bilhões que vai receber para cobrir eventuais perdas com empréstimos e títulos lastreados em títulos ligados ao mercado imobiliário residencial e comercial, créditos ao consumidor e outros tipos de títulos de dívida. O período de cobertura dos papéis do Citi é de cinco anos para os que estiverem ligados ao mercado imobiliário não-residencial e 10 anos para os ligados ao setor residencial.
O valor inicialmente anunciado pelo Citi para as garantias do governo era de US$ 306 bilhões, mas foi reduzido devido a efeitos da reavaliação de certos ativos desde o anúncio da ajuda, em novembro do ano passado. A garantia do Citi será dada pelo Departamento do Tesouro, pelo Federal Reserve de Nova York (uma das 12 divisões regionais do Fed, o BC americano) e pela Corporação Federal de Seguradora de Depósitos (FDIC, na sigla em inglês).
Já a ajuda ao BofA vai ajudar a instituição a se manter estável, depois de adquirir o Merrill Lynch em novembro no valor de US$ 50 bilhões. O Tesouro, o Fed e a FDIC também vão garantir US$ 118 bilhões ao banco, em caso de incorrer em perdas incomuns devido à aquisição do Merrill. O BofA já havia recebido antes US$ 25 bilhões em ajuda do governo.
No ano passado, o governo americano aprovou um pacote de US$ 700 bilhões para absorver os chamados papéis podres (com alto risco de calote, ligados ao mercado de hipotecas de risco) do sistema bancário. A medida foi aprovada no dia 3 de outubro, mas veio apenas depois de terem quebrado o Lehman Brothers e o Washington Mutual.
A quebra do Lehman foi o primeiro movimento no novo fôlego que a uma crise recebeu no ano passado; até então, os efeitos mais intensos vinham sendo sentidos no setor financeiro. Imediatamente após o Lehman, a seguradora AIG deu sinais de que podia seguir o mesmo caminho, mas o Fed interveio, com um colchão de US$ 85 bilhões. O Washington Mutual não teve a mesma sorte da AIG e fechou as portas no dia 26 de setembro do ano passado.
Balanço e cisão
O Citigroup anunciou na sexta não só um prejuízo de US$ 8,29 bilhões (US$ 1,72 por ação) no último trimestre do ano passado, mas também que planeja separar o grupo em duas partes. Em 2008, o tombo do banco foi ainda mais profundo: prejuízo de US$ 18,72 bilhões.