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SÃO PAULO - Sem a presença da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que se recusa a discutir redução de salários, as demais centrais sindicais do país decidiram nesta quinta-feira suspender por 10 dias as negociações com os empresários.
Até lá, os sindicalistas vão tentar se reunir com autoridades dos governos federal e paulista para discutir uma maneira de evitar demissões sem cortes nos salários. As centrais tentarão ter audiências com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o ministro do trabalho, Carlos Lupi, e com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
Na pauta da negociação, estarão medidas que segurem a queda no consumo, como uma redução maior de impostos, ampliação do crédito, queda na taxa básica de juros e redução do spread bancário. Estas medidas também são reivindicadas pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que vem propondo aos trabalhadores uma redução da jornada de trabalho e consequente corte de salários, mas sem garantir a manutenção das vagas.
- Se conseguirmos que o governo tome estas medidas, talvez não seja necessário fazer estas concessões que os trabalhadores já estão fazendo em São Paulo e no Brasil, disse a jornalistas Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical.
Paulinho cobrou do governo que as medidas contra a crise levem em consideração o emprego dos trabalhadores. Ele chegou a citar o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) que, segundo ele, exigiu a manutenção do emprego pelas empresas quando concedeu a redução de impostos.
Os trabalhadores agendaram uma manifestação para a próxima quarta-feira, quando o Banco Central decidirá a nova taxa básica de juros. Além da Força Sindical, estavam presentes à reunião que decidiu suspender as negociações a Nova Central, a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), a União Geral dos Trabalhadores (UGT) e a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB).
Na segunda-feira, o Ministério do Trabalho vai divulgar os números do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) correspondentes a dezembro, que, segundo o ministro Lupi, serão muito desfavoráveis. Até o anúncio, o ministro vai se reunir com o presidente Lula para dar detalhes sobre o resultado.