No mercado, a expectativa é de que a situação de desemprego se agrave ainda mais nos próximos meses. Ontem a companhia de telecomunicação AT&T informou que irá cortar 12 mil empregos, já o Bank of America poderá reduzir em até 30 mil empregos como parte do processo da compra do Merrill Lynch.
Contribuíram para o sentimento negativo do dia a indicação de que países emergentes como Índia, Rússia e China também estão em processo de desaceleração, assim como as economias desenvolvidas e o aumento recorde no número de atrasos em pagamentos de hipotecas do terceiro trimestre, conforme apontou a Mortgage Bankers Association (MBA).
Além disso, o crédito ao consumo voltou a cair nos Estados Unidos em outubro, descendo a 1,6% em ritmo anual, depois de baixar em agosto e subir em setembro, segundo dados publicados nesta sexta-feira pelo Federal Reserve (Fed).
Mas a situação não deve se normalizar tão cedo. O departamento de pesquisa do banco de investimento norte-americano Merrill Lynch apontou que a economia global está em recessão, com um crescimento previsto de 1,3% para 2009, o menor nível desde 1982. Entretanto, a entidade estima uma recuperação para 3,1% em 2010.
Para o Brasil, o Merrill Lynch prevê que os consumidores e as empresas enfrentarão um ambiente de crédito mais caro ou escasso em 2009. De acordo com a instituição, essa situação ocorrerá não somente pelo congelamento do crédito em escala mundial, mas também em virtude dos efeitos defasados da política monetária, que deveria impactar especialmente no primeiro semestre de 2009. O crédito mais apertado e o mercado de trabalho menos favorável terão um efeito negativo na demanda do consumidor. A instituição prevê que o consumo pessoal vai desacelerar em mais de 300 pontos base para 3,1%, ligeiramente acima do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global de 2,9%.
A cotação do petróleo no mercado internacional também contribui para a volatilidade dos mercados. A commodity - que recua pelo sexto dia consecutivo - bateu os US$ 41 (Nova York). O movimento é afetado pela contração na economia mundial, especialmente nos Estados Unidos, além de dados que sinalizam para uma possível queda no consumo global por combustíveis. Com a queda da matéria-prima, as ações preferenciais da Petrobras marcaram recuo de 2,36%, cotadas a R$ 18,16.
Por aqui, divididos entre dados econômicos ruins dos Estados Unidos e a perspectiva de um corte agressivo na taxas de juro dos EUA, os investidores acabaram pendendo para o terreno positivo e levaram o índice acionário da BM&FBovespa a encerrar a sexta-feira com valorização de 0,63%, aos 35.347 pontos. Na semana, o Ibovespa acumulou queda de 3,41%. O giro financeiro somou R$ 3,58 bilhões.
Já no mercado de juros futuros, o resultado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) abaixo do esperado pelos analistas de mercado surpreendeu e isso fez com que as projeções de juros embutidas nos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) tivessem mais um dia de ajuste para baixo. O DI com vencimento em janeiro de 2010, o mais líquido, caiu de 13,70% para 13,33% ao ano.
Logo cedo, foi informado que o IPCA registrou alta de 0,36% em novembro, abaixo da expectativa do mercado que previa inflação entre 0,45% e 0,55%. No ano, a inflação acumulada está em 6,39% - perto do teto da meta (6,5%) fixada pelo governo central. O IPCA é o índice oficial utilizado pelo Banco Central (BC) para cumprir o regime de metas de inflação.
No mercado de câmbio, o dólar chegou ao maior nível desde abril de 2005. Mas a moeda nort-americana terminou o dia em baixa de 1,67%, vendido a R$ 2,470, influenciado pela série de leilões do Banco Central (BC). Ainda assim, nos últimos quatro dias, a moeda estrangeira avançou 6,51% sobre o real. No ano, a divisa acumula 39% de ganhos.
A autoridade monetária interveio com mão de ferro nesta sexta-feira e conseguiu trazer a taxa de câmbio de R$ 2,62 para R$ 2,44. Foram cerca de US$ 1,326 bilhão em contratos de swap e mais três leilões de linha no mercado à vista à taxas de R$ 2,5355, R$ 2,5480 e R$ 2,5850.
(Redação - InvestNews)