Nesta manhã, o governo norte-americano anunciou o fechamento de 533 mil vagas de emprego em novembro. O resultado veio muito pior do esperado pelo mercado, que projetava um corte de 325 mil vagas no período. Com isso, a taxa de desemprego do país subiu de 6,5% em outubro para 6,7% em novembro.
"Meio milhão de vagas cortadas só corroboram com a perspectiva de forte desaceleração nas economias industrializadas. Além disso, os Estados Unidos têm regras mais liberais quanto ao regime de empregos, diferente da Europa, por exemplo", afirma André Perfeito, economista da Gradual Corretora.
Com esta notícia, os investidores passaram a precificar um corte agressivo nos juros norte-americanos, animando os mercados acionários. O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), dos Estados Unidos, do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), se reúne nos dias 15 e 16 de dezembro para definir os próximos passos da taxa. "Creio que o corte deve ser nos mesmos moldes do anunciado pelo Banco Central Europeu nesta semana [a entidade monetária anunciou um corte de 0,75 p.p nos juros, para 2,5% ao ano, a maior redução já feita na zona do euro]", completa o economista.
Mas a situação não deve se normalizar tão cedo. O departamento de pesquisa do banco de investimento norte-americano Merrill Lynch apontou que a economia global está em recessão, com um crescimento previsto de 1,3% para 2009, o menor nível desde 1982. Entretanto, a entidade estima uma recuperação para 3,1% em 2010.
Para o Brasil, o Merrill Lynch prevê que os consumidores e as empresas enfrentarão um ambiente de crédito mais caro ou escasso em 2009. De acordo com a instituição, essa situação ocorrerá não somente pelo congelamento do crédito em escala mundial, mas também em virtude dos efeitos defasados da política monetária, que deveria impactar especialmente no primeiro semestre de 2009. O crédito mais apertado e o mercado de trabalho menos favorável terão um efeito negativo na demanda do consumidor. A instituição prevê que o consumo pessoal vai desacelerar em mais de 300 pontos base para 3,1%, ligeiramente acima do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global de 2,9%.
A cotação do petróleo no mercado internacional também contribui para a volatilidade dos mercados. A commodity - que recua pelo sexto dia consecutivo - bateu os US$ 41 (Nova York). O movimento é afetado pela contração na economia mundial, especialmente nos Estados Unidos, além de dados que sinalizam para uma possível queda no consumo global por combustíveis. Com a queda da matéria-prima, as ações preferenciais da Petrobras marcaram recuo de 2,36%, cotadas a R$ 18,16.
(Vanessa Correia - InvestNews)