Para o gerente de renda fixa do banco Prosper, Carlos Cintra, as preocupações com a inflação brasileira, juntamente com o fato de o investidor estrangeiro está começando a evitar renda fixa no país após taxação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a situação indefinida do fundo soberano, acabam aumentando a cautela entre os investidores e fazendo com que a curva de juros futuros seja pressionada.
"Diante de um cenário de preocupação com a inflação o ideal seria o governo ajudar o BC no controle da inflação aumentando o superávit primário (economia para pagamento de juros)", friza Cintra. Para o executivo caso não haja um ajuste fiscal na economia brasileira, o Comitê deve manter o ciclo de alta nos juros em 0,50 ponto até o final do ano, o que levaria a Selic a encerrar 2008 em 14,25%. Atualmente, a Selic está em 11,75% ao ano.
Hoje foi informado que a entrada de recursos para aplicações em renda fixa no país, em abril, foi de US$ 230 milhões, valor bem menor do que os US$ 3,1 bilhões registrados em abril de 2007. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o motivo foi o início da cobrança de IOF sobre o investimento estrangeiro em renda fixa, com alíquota de 1,5%.
No mercado de renda fixa o dia foi de volatilidade com os agentes financeiros repercutindo os dados do boletim Focus e a longa entrevista do presidente do BC, Henrique Meirelles, à Agência Brasil neste fim de semana.
O boletim Focus revelou novo aumento na expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que subiu de 4,12% para 5,24% neste ano. A estimativa para o índice em 12 meses avançou de 4,65% para 4,73%, enquanto a expectativa para o IPCA em 2009 se manteve em 4,5%.
Já a entrevista de Meirelles foi o comentário nas mesas de operações. O presidente do BC disse que a autoridade monetária continuará mirando no centro da meta de inflação, de 4,5%. Na mesma entrevista, descartou aumento do depósito compulsório dos bancos junto ao BC e ressaltou que a elevação do superávit primário ajudaria o BC, mas não cabe à autoridade monetária decidir sobre isso.
(Maria de Lourdes Chagas - InvestNews)