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Investidor estima aperto monetário até o fim do ano

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SÃO PAULO, 26 de maio de 2008 - A percepção de que as pressões inflacionárias devam continuar reforçou as apostas de que o Banco Central (BC) possa manter o aperto monetário por um tempo mais prolongado. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) as projeções de juros embutidos nos contratos de Depósitos Interfinanceiros (DI) precificam uma elevação de 0,75 ponto percentual na taxa Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana que vem. O DI de janeiro de 2010, o mais líquido, apontou taxa anual de 14,45%, ante 14,40% do ajuste anterior.

Para o gerente de renda fixa do banco Prosper, Carlos Cintra, as preocupações com a inflação brasileira, juntamente com o fato de o investidor estrangeiro está começando a evitar renda fixa no país após taxação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a situação indefinida do fundo soberano, acabam aumentando a cautela entre os investidores e fazendo com que a curva de juros futuros seja pressionada.

"Diante de um cenário de preocupação com a inflação o ideal seria o governo ajudar o BC no controle da inflação aumentando o superávit primário (economia para pagamento de juros)", friza Cintra. Para o executivo caso não haja um ajuste fiscal na economia brasileira, o Comitê deve manter o ciclo de alta nos juros em 0,50 ponto até o final do ano, o que levaria a Selic a encerrar 2008 em 14,25%. Atualmente, a Selic está em 11,75% ao ano.

Hoje foi informado que a entrada de recursos para aplicações em renda fixa no país, em abril, foi de US$ 230 milhões, valor bem menor do que os US$ 3,1 bilhões registrados em abril de 2007. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o motivo foi o início da cobrança de IOF sobre o investimento estrangeiro em renda fixa, com alíquota de 1,5%.

No mercado de renda fixa o dia foi de volatilidade com os agentes financeiros repercutindo os dados do boletim Focus e a longa entrevista do presidente do BC, Henrique Meirelles, à Agência Brasil neste fim de semana.

O boletim Focus revelou novo aumento na expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que subiu de 4,12% para 5,24% neste ano. A estimativa para o índice em 12 meses avançou de 4,65% para 4,73%, enquanto a expectativa para o IPCA em 2009 se manteve em 4,5%.

Já a entrevista de Meirelles foi o comentário nas mesas de operações. O presidente do BC disse que a autoridade monetária continuará mirando no centro da meta de inflação, de 4,5%. Na mesma entrevista, descartou aumento do depósito compulsório dos bancos junto ao BC e ressaltou que a elevação do superávit primário ajudaria o BC, mas não cabe à autoridade monetária decidir sobre isso.

(Maria de Lourdes Chagas - InvestNews)