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Novo fundo será mecanismo de intervendção cambial

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SÃO PAULO, 14 de maio de 2008 - A Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio) avalia que a criação do fundo soberano deverá funcionar muito mais como um mecanismo de intervenção cambial no sentido de conter a valorização do dólar frente ao real do que uma ferramenta de fomento às empresas brasileiras que desejam realizar investimentos no exterior como quer justificar o governo. Ainda segundo a entidade, a fórmula mais acertada de estímulo ao setor produtivo está na efetiva redução da carga tributária.

Para a Fecomercio, o fundo promete promover uma diminuição do volume de divisas no país uma vez que parte das reservas será usada na sua implantação. Dessa forma, o fundo irá atuar no sentido de retirar os dólares de dentro do país e assim, impedir a valorização da moeda norte-americana. Tal raciocínio está baseado no fato de que o fluxo de dólares no país tornou-se um dos principais fatores da valorização do real e, conseqüentemente, de elevação do déficit nas transações correntes.

Ainda segundo a entidade, o Brasil não tem perfil para ter um fundo soberano uma vez que há um déficit em conta corrente e que o superávit primário é usado para reduzir a relação dívida/PIB que ainda é grande. Portanto essa "sobra de caixa" anunciada pelo governo que será utilizada no fundo acaba transmitindo para sociedade que o Brasil está em uma situação favorável em suas contas. Mas, o que se realmente vê são déficits nas contas públicas. Este tema sim é mais importante do que a criação do fundo.

A Federação pondera ainda que se por um lado a desvalorização do real tende a ampliar a competitividade dos produtos nacionais no exterior por outro as importações ficarão relativamente mais caras. Dessa forma, poderá haver uma pressão interna de preços uma vez que alguns insumos ficarão mais caros. Isso poderá ser refletir na ponta, ou seja, no preço do produto final, o que é negativo para os consumidores brasileiros.

A entidade finaliza considerando que as grandes empresas que já investem no exterior já têm acesso a créditos o que dispensaria a necessidade de fornecer financiamentos para aqueles que já os obtêm. Portanto, basicamente o governo arrecada dinheiro de toda a sociedade para "ajudar" a poucas empresas que já possuem acesso a financiamentos. Dessa forma, seria mais adequado delegar tal política de financiamento ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e deixar o governo livre para equalizar as contas públicas e conduzir uma política econômica que promova o crescimento sustentado a longo prazo.

(MLC - InvestNews)