De acordo com o professor de finanças do Ibmec São Paulo, Alexandre Jorge Chaia, este anúncio do banco não significa nem o final do prejuízo do grupo, nem o fim da crise norte-americana. ´O prejuízo do Citigroup é muito maior do que o apresentado neste trimestre. Desde o início da crise, a instituição já dá sinais de que o prejuízo que ela obteve com esta crise seria bem grande. E estes números são uma conseqüência desta crise, que, embora num volume cada vez maior, ainda veremos empresas divulgando resultados negativos´, analisa Chaia.
Já para José Amato Balian, professor de economia da ESPM, é preciso separar a crise em dois momentos distintos: ´Um fato é a crise específica da economia norte-americana, e outro, a crise dos bancos em decorrência da primeira´, adverte. ´A crise norte-americana já está dando sinais de que ela é menor do que se esperava. Afinal, ao analisarmos o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos nos dois últimos trimestres, percebemos que ele não apresentou grande crescimento, mas, em contrapartida, não apresentou regressão. Ele cresceu pouco, mas cresceu. E isto é sinal de que as coisas não estão tão mal assim, pois quando uma economia vai mal, ela não apresenta crescimento´, completa o professor da ESPM. Em relação à crise dos bancos, Balian afirma que é um pouco mais delicada. ´Esta é decorrente de uma crise na economia norte-americana que provocou uma retração na concessão de crédito daquele País. Sem crédito, as pessoas consomem menos, e, conseqüentemente, as empresas tendem a apresentar um lucro menor´, indica.
Mas, em uma questão os professores concordam: o anúncio do Citigroup significa uma alternativa de reestruturação do grupo. ´O Citigroup pretende se desfazer desta carteira de ativas, pois está no limite de seu crescimento. E, se o banco quiser voltar a apresentar resultados positivos, ele terá de se reorganizar, por isto mesmo que o próprio grupo já reportou que a intenção de venda destes ativos é para um prazo de dois a três anos. Afinal, ninguém vende US$ 500 bilhões em ativos da noite para o dia. E, por mais que ele vá perder posição no mercado ao vender estes ativos, está é uma maneira de o Citi voltar a ser lucrativo. É um processo de reestruturação para se manter vivo no mercado´, comenta Chaia. ´A venda destes ativos é uma maneira de amenizar o prejuízo e melhorar o fluxo de caixa. Uma medida muito inteligente por parte do banco que, com isto, demonstra aos seus clientes um aspecto de solidez e de planejamento para voltar a crescer. É o momento certo para fazer caixa e se resguardar´, conclui Balian.
(Angela Ferreira - InvestNews)