Agência AFP
DAVOS - O Fórum anual de Davos chegou ao fim neste sábado em meio a sombrias perspectivas para 2008, já que muitos especialistas apontam como iminente a recessão dos Estados Unidos. O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, pediu que os americanos adotem uma "resposta séria" para enfrentar a forte queda do crescimento, sugerindo que as medidas adotadas até agora pelo governo de George W. Bush não são suficientes.
O pessimismo deste ano em Davos contrasta com o clima dos anos anteriores, quando o forte crescimento, a baixa inflação e os grandes ganhos das empresas dominavam o cenário internacional.
Contudo, desta vez o temor de uma recessão nos Estados Unidos e seu impacto na economia mundial, como a volatilidade dos mercados financeiros e a contração do crédito, dissolveram a confiança da elite econômica e dos políticos do mundo.
- Qualquer que seja a conseqüência da recessão, o que está claro é que haverá uma séria desaceleração (nos Estados Unidos) que necessita de uma resposta séria - disse Strauss-Kahn.
Bush anunciou há uma semana um plano de 145 bilhões de dólares para tentar estimular a economia e na terça-feira o Federal Reserve (Fed, banco central americano) anunciou a redução dos juros em 0,75%, a 3,50%.
O diretor-gerente do FMI apontou ainda que, além de estimular o crescimento através da política monetária, alguns países têm margem de manobra para flexibilizar sua política fiscal.
As afirmações de Strauss-Kahn "indicam a gravidade da situação que enfrentamos", assinalou o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Larry Summers. - Pela primeira vez em 25 anos, o diretor-gerente do FMI pediu um aumento dos déficits orçamentários, quando tradicionalmente solicita o inverso - disse Summers.
Strauss-Kahn indicou que uma desaceleração econômica provocaria, nas próximas semanas ou meses, uma queda da inflação que permitiria a alguns bancos centrais reduzir o custo do crédito para estimular a economia.
Contudo, o Banco Central Europeu (BCE) resiste às pressões de vários países, como a França, para baixar suas taxas com o intuito de combater a desaceleração econômica, já que segue preocupado com a alta da inflação.
A cidade de Davos, na Suíça, recebeu durante cinco dias quase 30 chefes de Estado e mais de 110 ministros, assim como centenas de diretores das empresas mais importantes do mundo. A ministra da Economia da França, Christine Lagarde, aproveitou o encontro para pedir novamente que o BCE reduza suas taxas.