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Previdência abate resultado fiscal em setembro

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REUTERS

BRASÍLIA - O setor público brasileiro registrou, em setembro, o pior superávit primário fiscal para o mês desde 1998, por conta do impacto do pagamento antecipado de metade do 13º salário aos aposentados do INSS, informou o Banco Central nesta quinta-feira.

Os gastos com juros também cresceram muito no mês passado, como reflexo das perdas do setor público com a valorização do real frente ao dólar, e somaram o maior valor para setembro desde o início da série do BC, em 1991.

Apesar do piora das contas no mês, o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, disse não haver risco de o governo descumprir sua meta fiscal para o ano, de um superávit primário equivalente a 3,8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

No mês passado, o superávit primário, que corresponde à diferença entre despesas e receitas não-financeiras do governo, foi de 3,554 bilhões de reais, uma redução de 22,3 por cento ante o superávit de 4,575 bilhões de reais em igual mês do ano passado.

No mês, a Previdência Social registrou um déficit de 9,158 bilhões de reais, com a antecipação do 13o salário e o aumento do estoque e do valor dos benefícios pagos.

A economia feita pelos governos regionais (Estados e municípios) também caiu e somou 1,389 bilhão de reais, frente a 1,994 bilhão de reais em setembro de 2006.

- Essas instâncias vinham acumulando disponibilidades e já esperávamos que elas começassem a gastar mais - afirmou Lopes a jornalistas.

Os vencimentos de juros somaram 15,473 bilhões de reais em setembro e somaram o equivalente a 6,34 por cento do PIB no acumulado em 12 meses.

No período, a valorização cambial foi responsável por um aumento de 13,6 bilhões de reais no endividamento líquido, informou a autoridade em nota. Apenas as perdas com os contratos de swap somaram 2,9 bilhões de reais, de acordo com Lopes.

De janeiro a setembro, o superávit primário somou 91,223 bilhões de reais, valor nominal recorde e equivalente a 4,90 por cento do PIB.

Em 12 meses encerrados em setembro, o superávit primário ficou em patamar equivalente a 4,05 por cento do PIB, frente a 4,12 por cento nos 12 meses até agosto.

Lopes disse esperar que o saldo possa fechar o ano abaixo desse patamar.

O BC informou ainda que a dívida líquida total do setor público atingiu 43,5 por cento do PIB no mês passado, ante 43,0 por cento em agosto. Para outubro, a estimativa do BC é que o endividamento fique estável.