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CHICAGO - O rápido acordo entre a General Motors e o sindicato de trabalhadores automotivos ajuda a economia dos Estados Unidos a se esquivar de outro retrocesso e facilita a negociação de acertos similares que podem estimular o mercado interno, afirmaram analistas e investidores nesta quarta-feira. O acordo da GM encerrou uma do greve do sindicato que durava dois dias, com mais de 73 mil trabalhadores, e que poderia afetar uma economia já apreensiva com os problemas no mercado de crédito, segundo os analistas.
A tentativa de acordo poderia também permitir à GM diminuir drasticamente sua desvantagem de custos em relação à Toyota e outros concorrentes japoneses.
- Parece que realmente foi uma vitória para os dois lados - disse Tim Ghriskey, da Solaris Asset Management, uma administradora de investimentos em Nova York.
- O ponto importante para a GM, seus acionistas e para a economia é que os planos de saúde foram separados e limitados.
As ações da GM estavam em alta de quase 5 por cento no início da tarde em Nova York devido à notícia do acordo, que ainda deve ser aprovado pela maioria do sindicato, mas que já ajudou e impulsionar o índice Dow Jones para cerca de 0,6 por cento. Apesar do otimismo, Peter Morici, professor na University of Maryland School of Business, disse que o acordo pode acarretar custos reais à GM, incluindo salários e inchaço no quadro de funcionários.
- No geral, a GM era muito, muito não competitiva antes do acordo, agora ela é somente muito não competitiva - pontua Morici.
O pacto da GM com o sindicato pode servir como exemplo para outras indústrias envolvidas com grandes forças sindicais, afirmaram analistas. O acordo é um marco por outro motivo: o sindicato ofereceu concessões para ajudar as montadoras a lidar com bilhões de dólares em perdas e obrigações de plano de saúde, disseram analistas.
- Esta é a primeira vez na história que as montadoras conseguiram algo significativo dessas negociações - declarou John Wolkonowicz, analista do setor na North America for Global Insight, empresa de consultoria e Lexington, Massachusetts.
Contudo, o acordo é visto como um entre muitos passos que GM precisa para realizar um retorno. No fim, a empresa precisará montar carros e caminhões que os consumidores querem, pontuaram os analistas. Mike Davis, economista na Southern Methodist University em Dallas, disse que a "GM precisa fazer uma limpeza, alinhar seus custos com seus concorrentes japoneses". Muitos em Wall Street estavam felizes com o simples encerramento da greve.
Um analista do Merrill Lynch avaliou que uma greve de um mês poderia comprometer o crescimento do país no quarto trimestre em até um ponto percentual. Para Morici, o acordo da GM pode servir para enfraquecer os concorrentes dos EUA, dependendo de como o sindicato aplicar a negociação em futuras negociações.
- É a velha história do urso caçando caçadores na floresta - disse Morici. - O caçador mais rápido não precisa se preocupar, porque o urso vai devorar aquele que corre menos.