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RIO - Preços mais altos, produção maior e consolidação da compra da mineradora canadense Inco garantiram resultados recordes para a Companhia Vale do Rio Doce no segundo trimestre.
Entre abril e junho, a empresa registrou lucro líquido de 5,8 bilhões de reais, 48,7 por cento acima do resultado em igual período de 2006. Analistas esperavam, em média, ganho de 5,9 bilhões de reais, segundo pesquisa Reuters.
A parcela do lucro relativa à Inco nos três meses até junho, comprada no final do ano passado por cerca de 18 bilhões de dólares, foi de 619.
O faturamento consolidado totalizou quase 18,2 bilhões de reais, alta de 79,6 por cento em relação ao segundo trimestre de 2006. A receita operacional bruta também foi beneficiada pela CVRD Inco, com vendas de 7,1 bilhões de reais.
Os reajustes de preços foram responsáveis por 1,05 bilhão de reais da receita bruta total e a variação de volumes de vendas, por outros 760 milhões de reais. Já a desvalorização da moeda norte-americana frente ao real teve impacto negativo de 877 milhões de reais.
As exportações da empresa atingiram recorde de 3,9 bilhões de dólares no segundo trimestre, crescimento de 54,1 por cento em relação há um ano. De janeiro a junho, as vendas externas somaram 6,4 bilhões de dólares, contra 4,8 bilhões de dólares no mesmo período do ano anterior.
A Vale também conseguiu reduzir o endividamento pelos padrões contábeis dos Estados Unidos (US Gaap) em 4,4 bilhões de dólares em junho na comparação com o final de março, encerrando o primeiro semestre com dívida bruta de 19,1 bilhões de dólares. Em junho de 2006, antes da compra da mineradora canadense, a dívida era de quase 6 bilhões de dólares.
- A forte geração de caixa permitiu durante o segundo trimestre o pagamento da parcela remanescente do empréstimo-ponte para aquisição da Inco, no valor de 2,25 bilhões de dólares, e a liquidação antecipada de financiamentos à exportação de 1,6 bilhão de dólares - explicou a Vale.
Pelo segundo trimestre consecutivo, os minerais não-ferrosos (como níquel e cobre, entre outros) superaram o peso dos ferrosos (minério de ferro, pelotas e manganês) na receita da empresa, consolidando a estratégia de diversificação.
Os embarques de minerais não-ferrosos no segundo trimestre representaram 42,9 por cento da receita bruta consolidada, acima da contribuição dos minerais ferrosos, que foi de 40,9 por cento.
A China continuou sendo a maior compradora individual da Vale no segundo trimestre, representando 17,8 por cento da receita, seguida por Brasil, com 13,9 por cento, e Japão, com 12,2 por cento.
Nos três meses até junho, o custo dos produtos vendidos da companhia subiu para 7,4 bilhões de reais, com elevação de 2,2 por cento frente ao primeiro trimestre de 2007 e de 70,2 por cento em relação a igual período do ano passado.
A alta na comparação anual, segundo a Vale, deve-se à consolidação da CVRD Inco. Sem isso, 'os custos teriam incremento de 12,4 por cento em relação ao segundo trimestre de 2006'.
O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglês) alcançou 10,3 bilhões de reais no trimestre, contra 5,2 bilhões de reais um ano antes. No semestre, o Ebitda ficou em 19,2 bilhões de reais, mais do que o dobro dos 8,9 bilhões de reais do primeiro A produção da Vale foi novamente recorde, com expansão de 11 por cento no minério de ferro no segundo trimestre ante igual período de 2006, para 73,1 milhões de toneladas. A companhia produziu 138,8 milhões de toneladas da commodity no primeiro semestre e espera alcançar 300 milhões de toneladas no ano.
A produção de pelotas subiu para 4,3 milhões de toneladas de abril a junho, alta de 76,3 por cento em relação a igual período do ano passado, quando houve paralisação temporária de uma unidade em São Luís. A produção de níquel cresceu 2,8 por cento no segundo trimestre ante igual período de 2006, para 62,5 mil toneladas.