Fernando Exman, Agência JB
BRASÍLIA - No Itamaraty, o entendimento era de que as negociações do G-4 fracassaram e, conseqüentemente, a Rodada de Doha tinha sido colocada em xeque. Para diplomatas brasileiros, a recusa dos países desenvolvidos em abrir seus mercados e reduzir os subsídios agrícolas impedia a conclusão das conversações, já que os países em desenvolvimento se recusam a flexibilizar suas ofertas unilateralmente.
- É um grande retrocesso para a Rodada lamentou o embaixador da Comissão Européia no Brasil, João Pacheco. É muito grave.
O negativo, destacou o embaixador, é o fato de Brasil, União Européia, Índia e Estados Unidos não terem avançado desde que a rodada foi suspensa. Para Pacheco, os americanos não sinalizaram que reduzirão os subsídios concedidos aos seus produtores rurais para os níveis desejados pelos países em desenvolvimento e pela União Européia, enquanto os países em desenvolvimento não ofertaram uma real abertura de seus mercados industriais. A União Européia, complementou, só estaria esperando esses movimentos para tirar suas cartas da manga e aceitar reduzir as barreiras às importações de produtos agrícolas.
O embaixador europeu alertou para a necessidade de os negociadores tentarem fechar um acordo o mais rápido possível, pois em julho expirará a autorização dada pelo Congresso dos EUA ao Executivo daquele país para negociar acordos comerciais (TPA, na sigla em inglês). Além disso, haverá eleições presidenciais nos EUA no ano que vem.