´Pelo que foi apresentado até agora, esse fundo funcionaria como um FMI. Se não vier acompanhado de cláusulas muito restritivas para o lançamento dos recursos, uma carta de intenções bem detalhada e de metas a serem cumpridas pelos signatários, pode ser um incentivo para que os países atuem de forma irresponsável´, diz um economista que preferiu não se identificar. ´Se você tira os riscos, estimula o comportamento irresponsável´, acrescenta, fazendo uma analogia ao mercado de seguros, no caso do pagamento de franquias. O especialista acredita que a melhor saída é que cada país prepare uma espécie de seguro do seu balanço de pagamentos.
O economista-chefe do ABN Amro Real, Alexandre Schwartsman, lembra que o FMI, criado no período pós-guerra com o objetivo de oferecer ajuda aos países em caso de crise no balanço de pagamentos, possuía uma linha de crédito especial (contingency credit line) - que o economista apelida de ´cheque especial´ do FMI -, semelhante ao fundo que está em discussão pelos países da América Latina. Mas ela nunca foi utilizada. ´A forma como essa linha foi montada não era adequada, o limite era baixo e o país que entrasse nesse fundo dava sinais de crise no balanço de pagamentos. Por isso nunca teve utilidade´, disse.
Schwartsman ressalta que o contexto em que o FMI foi criado era outro, em meio a uma economia menos complexa, caracterizada por um câmbio fixo e na qual uma crise no balanço de pagamentos era determinada por problemas na balança comercial, o que é mais fácil de se resolver. Ele observa que as características da crise de balanço de pagamentos mudaram à medida que o fluxo de capital se tornou mais importante para a economia.
Segundo a assessoria de imprensa do Banco Central, a discussão sobre o fundo de reservas da América Latina ainda está distante de um processo decisório e deliberatório.
(Tatiana Freitas - InvestNews)