De acordo com comunicado enviado pela agência, o upgrade reflete a significativa melhora das contas externas brasileiras, assim como as políticas macroeconômicas prudentes e o aumento na poupança doméstica.
"A acumulação de reservas internacionais - US$ 36 bilhões desde o início do ano - reflete o contínuo fortalecimento do balanço externo brasileiro e a capacidade de se adaptar bem a choques externos", disse Shelly Shetty, diretor sênior no grupo Soberano da Fitch.
A agência destaca o crescimento das reservas internacionais, hoje em cerca de US$ 122 bilhões, e projeta que o montante ultrapasse os US$ 130 bilhões até o final do ano. O montante em caixa representa 150% da pendência de curto prazo do País.
De acordo com a Fitch, embora a acumulação de reservas internacionais reflita, em parte, os fluxos atraídos pela alta taxa de juros real, este crescimento também se deve aos contínuos superávits comerciais e em conta corrente e aos investimentos estrangeiros diretos. As reservas também provêem seguro contra um ambiente econômico e financeiro menos favoráveis, apesar do custo, dada à grande diferença entre os juros pagos em real e aqueles dos ativos nominados em dólar.
"Novas melhoras na classificação de crédito do Brasil requerem maior confiança de que a dívida pública está em um ciclo de queda no médio prazo. Com juros reais ainda elevados e crescimento econômico médio de 3% durante os últimos cinco anos, a dinâmica da dívida pública permanece vulnerável a choques adversos", afirmou Shetty.
"Os entraves ao maior investimento precisam ser removidos para que se eleve a produtividade e o potencial de crescimento. Uma elevada carga tributária, taxas de juros reais altas, restrições de infra-estrutura e um investimento público relativamente baixo explicam a baixa performance de crescimento do Brasil", destaca o relatório.
De acordo com a Fitch, a estabilidade macroeconômica, a maior evidência de resistência a choques externos, a redução mais rápida dos encargos do governo, incluindo uma melhora na composição da dívida interna, aliados ao fortalecimento da solvência externa e índices de liquidez, elevariam a chance do Brasil atingir o grau de investimento no futuro. "Um enfraquecimento no comprometimento com políticas fiscais prudentes e com a autonomia operacional do Banco Central resultarão em pressão de baixa sobre os ratings soberanos do Brasil", alertou Shetty.
Para a Fitch, reformas estruturais, como a autonomia do BC, e reformas fiscais ajudariam a elevar a capacidade do Brasil de assimilar melhor choques externos e sustentar maiores taxas de crescimento. No entanto, na melhor das hipóteses, a agência indica que a probabilidade dessas reformas acontecerem é modesta.
(EC - InvestNews)