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Reservas superam US$100 bi, mas BC segue na compra

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REUTERS

SÃO PAULO - As reservas internacionais brasileiras atingiram a marca histórica de 100 bilhões de dólares na terça-feira, engrossadas pelas compras diárias de moeda do Banco Central que devem continuar, segundo analistas.

Dados divulgados pelo BC nesta quarta mostraram que as reservas subiram em 644 milhões de dólares, para 100,36 bilhões de dólares na terça-feira.

Em fevereiro, até o dia 27, as reservas acumulam aumento de 9,274 bilhões de dólares. Esse já é o maior incremento mensal desde abril de 1999, quando as reservas foram ampliadas em 10,467 bilhões de dólares, de acordo com dados do BC.

As reservas do último dia de fevereiro serão divulgadas na quinta-feira.

O Banco Central acentuou as compras diárias de dólares no mercado de câmbio à vista nas últimas semanas, depois que a moeda norte-americana caiu aos menores níveis em nove meses, abaixo de 2,10 reais. A atuação da autoridade monetária ajudou a dar algum suporte ao dólar.

Dados sobre a emissão monetária, divulgados pelo BC nesta quarta-feira, indicam que em fevereiro, até o dia 23, a autoridade monetária emitiu 15,024 bilhões de reais para quitar os leilões domésticos. Esse montante supera em 45,6 por cento a emissão feita em janeiro, com o mesmo objetivo.

Considerando-se a cotação média do dólar nos primeiros dois meses do ano (até o dia 23 de fevereiro), de 2,139 reais e 2,095 reais, as aquisições de divisa pelo BC saltaram 108 por cento, da média diária de 229,7 milhões de dólares em janeiro para 478 milhões de dólares em fevereiro.

Mesmo com o custo que o carregamento de reservas representa ao BC, diante do diferencial entre os juros internos e externos, analistas acreditam que a autoridade monetária tem espaço para continuar comprando.

"Há divergências sobre o custo-benefício de se manter as reservas em níveis mais altos. Acredito que o BC continuará comprando, pela política que ele vem adotando, deve ver espaço de mais uns 15 bilhões a 20 bilhões para crescer", avaliou Miriam Tavares, diretora de câmbio da AGK Corretora.

A grosso modo, explicou ela, reservas a 100 bilhões de dólares representariam um custo de cerca de 5 bilhões de dólares ao ano.

- E o benefício disso? Ontem a gente viu que se houvesse realmente um movimento mais consolidado de reversão de expectativa nos mercados mundiais, a gente... ia ser bem menos atingido (devido ao) colchão de liquidez que possui, disse.

Na terça-feira, preocupações com um desaquecimento na China e nos EUA abalaram os mercados financeiros globais e fizeram o dólar subir 1,7 por cento.

Jason Vieira, economista-chefe da Máxima DTVM, concorda que o patamar histórico das reservas não deve diminuir o apetite da autoridade monetária em comprar dólares.

- Não só vai continuar, como deve continuar, 100 bilhões de reservas não é nada, disse.

- Por mais que se critique o valor das reservas, independente disso, um país com reservas é um país seguro, se der um resfriado no mercado internacional, evita que a gente pegue uma gripe, ou pior, uma pneumonia.

De acordo com o economista, técnicos do BC deixaram escapar uma meta informal de chegar aos 140 bilhões de dólares em reservas internacionais.

- Como atingiu os 100 bilhões e o BC não parece ter intenção de parar (de comprar dólares), parece que essa meta informal vai ser atingida, afirmou Vieira.