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Acordo com Bolívia é positivo para Petrobras, diz analista

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SÃO PAULO, 15 de fevereiro de 2007 - O acordo assinado entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Evo Morales para o reajuste do preço do gás boliviano importado pelo Brasil foi positivo para a Petrobras. A avaliação, com base nas informações preliminares divulgadas até o momento, é da chefe de análise da Ativa Corretora, Mônica Araújo. 'Em linhas gerais, o acordo foi positivo, do aspecto financeiro, para a Petrobras, porque preservou o contrato original entre os dois países', afirma.

O acordo anunciado nesta quinta-feira não altera o atual preço pago pelo Brasil, estabelecido em contrato, mas será válido apenas para o limite de 8.900 quilocalorias por metro cúbico. A Petrobras aceitou, portanto, pagar um adicional pelo poder calorífero excedente do gás importado pelo Brasil da Bolívia. Segundo o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, serão realizados estudos sobre esse pagamento adicional pela presença de 'componentes nobres' que existiriam no produto exportado pela Bolívia.

O impacto desse reajuste sobre os novos contratos de gás que já são preparados pela Petrobras e que serão negociados com as distribuidoras em breve não deve ser grande, segundo documento obtido com exclusividade pela Gazeta Mercantil. De acordo com o documento, mais do que pelo reajuste do gás boliviano, esses novos contratos serão pressionados pelos investimentos em infra-estrutura e pela importação de Gás Natural Liquefeito (GNL).

Mônica afirma que esse gás 'mais nobre' destacado hoje, que já estaria sendo enviado ao Brasil, realmente tem um preço diferenciado no mercado internacional. Conforme o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, o gás que está sendo importado pelo Brasil estaria misturado a etano, gás liquefeito de petróleo (GLP, o gás de cozinha, que inclui butano e propano) e a chamada gasolina natural, componentes que conferem maior poder calorífero à commodity. 'Agora, resta saber o comprometimento da Bolívia em enviar esse gás 'mais nobre' para o Brasil', afirma a analista.

A Bolívia teria se comprometido a fornecer no mínimo 9.200 quilocalorias por metro cúblico, mas essa obrigatoriedade ainda deve ser confirmada em um adendo ao contrato existente. Pelo acordo, o valor desse excedente será baseado na cotação internacional diária do etano, do GLP e da gasolina natural.

Atualmente, não existe no Brasil um aproveitamento específico desses componentes nobres presentes no gás boliviano. 'Se o Brasil já está recebendo esse gás nobre, não está tendo benefício nenhum. Não foi feito um investimento nesse sentido porque não havia um fornecimento garantido. É preciso verificar, dentro do adendo ao contrato original, qual será a garantia de abastecimento e, a partir disso, a Petrobras deverá avaliar a necessidade de investimento', diz Mônica.

Quanto ao impacto sobre a inflação do acordo para o preço do gás, a expectativa é de que ele seja mínimo. O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, lembra que o reajuste anunciado hoje não será aplicado sobre o GLP, forma do produto que é mais demandada pelo consumidor final e que, mesmo assim, já tem um impacto pequeno sobre a inflação.

(Tatiana Freitas - InvestNews)